27.2.07

Sem direito ao purgatório

O tradicional clássico paulista toma ares de decisão para ambas as equipes. Quem perder, praticamente dá adeus ao Paulistão (Charge: Site EAgora)

Todo o clássico sempre tem os mesmos chavões, do tipo "clássico é clássico e vice-versa" ou "é um jogo sem favoritos". A grande história que envolve os embates entre Corinthians e Palmeiras podem confirmar todos eles. Mas curiosamente, as equipes possuem muitas semelhanças (muitas ruins e algumas boas) e uma derrota pode afundar o rival vencido.

Graças a vitória sobre o São Caetano no último final de semana e a classificação antecipada na Copa do Brasil, o "oxigênio" do Palmeiras (lê-se de Caio Júnior) aumentou um pouco. Mas até há pouco tempo, a balbúrdia comia solta no Pq. Antártica. Com Caio Júnior fazendo da equipe um "mini-Paraná 2006", o time ainda sofre de muitas deficiências, principalmente na defesa e no ataque. A saída do polivalente lateral Paulo Baier faz com que o Palmeiras perca muito de sua capacidade ofensiva pelo flanco direito, mas ao mesmo tempo reforça sua defesa, já que Caio Jr. usou o volante Wendel improvisado na última partida da equipe. O jovem Amaral, campeão pela seleção brasileira sub-20 também se mostra uma boa opção para o setor. Mas o grande destaque, até aqui, da equipe alvi-verde é o habilidoso meia Valdívia. Conquistando cada vez mais espaço com boas atuações no elenco palmeirense, o meia chileno vem se mostrando um exímio articulador de jogadas, o cérebro pensante do time. Mostra ainda alguma deficiência no arremate ao gol, mas Caio Jr. aposta no camisa 10 muitas fichas para decidir o clássico deste domingo.

No Corinthians, como de praxe após a eliminação da Libertadores do ano passado, muita confusão nos bastidores e no elenco. Dualib vai tentando consolidar sua "ditadura" à frente da presidência, brigando com a voraz oposição e grande parte da torcida, que pedem veementemente a sua cabeça. Já na equipe, outro personagem vai dividindo com Dualib o papel de vilão: o técnico Leão. Acusado pela maioria da imprensa de ser turrão e um "cego tático", o técnico corinthiano continua peitando meio mundo para provar que existem fatores externos que estão desestabilizando a equipe, como as arbitragens. A teimosia de Leão faz com que ele colecione cada vez mais inimigos dentro e fora do clube, o que faz o técnico tomar decisões equivocadas, além de passar intranquilidade à equipe, que acumula 30 cartões amarelos e 9 vermelhos neste Paulistão.

A equipe pode ganhar novos reforços, que estão em fase final de recuperação de contusões, como Eduardo Ratinho e Amoroso. O lateral é esperado ansiosamente por Leão, por essa posição ser a mais carente e defasada da equipe. Amoroso pode ser mais uma boa opção de ataque, pois em forma, é um atacante perigoso e de visão de jogo. Além das laterais, a defesa tem se mostrado muito vulnerável em 2007. Gustavo, Betão, Marinho e Marcus Vinícius não vivem fases boas. E o fator que pode desequilibrar o clássico pode ser a rapidez e habilidade de Nilmar ou a boa visão de jogo do meia Roger, que desde que marcou quatro gols na partida contra o Rio Claro, não voltou a apresentar um futebol decente.

Semelhanças entre os rivais:

William X William - Dois jovens jogadores, meias, que estão aparecendo agora no futebol brasileiro. O meia palmeirense é mais velho, 20 anos, já marcou três gols e voltou aos gramados após um grave problema cardíaco. O meia corinthiano, de 18 anos, recentemente foi campeão sulamericano sub-20 com o Brasil. É uma grande aposta do técnico Leão e da diretoria para o futuro e vem tendo chances na equipe principal.

Habilidade em Portunhol - Desacreditados quando vieram ao Brasil, o meia chileno Valdívia e o atacante boliviano Arce estão mostrando qualidades, mesmo com a inconstância de suas equipes. Valdívia, que chegou ao Palmeiras no meio de 2006, ganhou oportunidades com a chegada de Caio Jr. ao Verdão. É um meia raro, que joga como os antigos meias clássicos, conduzindo a bola, dando lançamentos com precisão e prendendo a bola, sempre com muita habilidade. O boliviano, que chegou sem alarde ao Pq. São Jorge depois de uma passagem frustrada pela Portuguesa, vem mostrando um futebol ágil, de dribles rápidos e lances ousados. A Fiel aposta nele como um possível novo xodó, pois trata-se de um jogador simples, mas habilidoso e batalhador.

Redenção das más campanhas - Depois de um péssimo Brasileirão, a mídia e a torcida das duas equipes esperavam um 2007 muito mais próspero. Mas a dificuldade de trazer bons nomes, a instabilidade e carência dos elencos fez com que as equipes alternassem bons e péssimos momentos nesse Paulistão. Ambos conquistaram 16 pontos e estando a 5 pontos da zona de classificação do Paulistão, precisam da vitória no clássico para continuar a sonhar com a vaga nas semis e de quebra, ainda afundar o rival em crise.

É um clássico decisivo, que tem sua história contada através de 348 partidas, num confronto equilibradíssimo - são 115 vitórias palmeirenses, 112 corinthianas e 97 empates - e que, mais do que nunca, será de suma importância para o prosseguimento do trabalho das duas equipes para o primeiro semestre de 2007. Vale a sobrevivência no Paulistão. Ou céu, ou inferno, nada de purgatório.

19.2.07

Caminho para Atenas - Parte II

Continuando a série "Caminho para Atenas", destacaremos aqui os confrontos que acontecerão no próximo dia 21 de fevereiro.

Roma X Lyon

Seria este o confronto dos semelhantes? Duas equipes de conjuntos muito coesos e de um jogador cerebral. Juninho e Totti brigarão pela batutade comandante dos confrontos, e para isso, vão tentar reger suas equipes rumo as quartas da Champions. Principais estrelas de seus respectivos elencos, marcam os gols, batem falta e são os capitães. Dois jogadores de alto nível técnico que são capazes de desequilibrar uma partida a qualquer momento. Um confronto deveras equlibrado, mas com mais vantagem ao poderio mais ofensivo dos franceses.

No mais, o Lyon, que teve a melhor campanha na fase de Grupos (4v - 2E), está tentando reencontrar o futebol eficiente neste 2007. Apesar de ter conseguido somar apenas dois pontos nas cinco partidas em que o time não venceu na Liga Francesa, continua com ampla vantagem sobre o segundo colocado, praticamente garantindo o hexacampeonato francês. E isso é um grande alento motivador aos lioneses. Com o Francês quase garantido, podem concentrar toda a sua preparação para chegar longe na Champions, já que nas duas últimas edições, o bom time francês ficou nas quartas de final. Além de possuir o ótimo arqueiro Grégory Coupet, o meio campo da equipe é seu ponto forte. Além de Juninho, as boas chegadas de Malouda e os apoios dos volantes Toulalan e Tiago, lá na frente o artilheiro Fred pode ser uma das armas letais do time francês. Como opções, o técnico Gerard Houllier ainda tem a "eterna promessa" Milan Baros, adquirido na última janela de transferências européia, o bom meia sueco Kim Kallström, o atacante Benzema, além do volante brasileiro Fábio Santos, também recém-contratado, que fez ótimo Brasileirão pelo Cruzeiro. Com esse elenco, Houllier pode fazer variaçõs táticas de acordo com a necessidade das partidas, fazendo um time mais incisivo (4-3-3), ou mais cadenciado na meia (4-4-2).


A variabilidade de opções também é uma carta na manga da Roma do ascendente treinador Luciano Spalletti. Segunda colocada do Grupo D, com 10 pontos, o time romanista sabe como adotar o sistema Catenaccio (retrancado), quando necessário. Apesar de quase sempre jogar com apenas um atacante isolado na frente (geralmente Totti), o destaque dos romanistas é a flexibilidade de seu meio-campo, que ataca e defende bem em bloco. Além das investidas dos brasileiros Mancini e Taddei pelos flancos (na Itália, os chamados externos), A dupla de volantes da Roma é bem peculiar. São dois volantes que sabem sair para o jogo e tem bom passe: tratam-se por De Rossi e Perrotta. O grande articulador da engrenagem giallorossi é o chileno David Pizarro, com ótima visão de jogo, dribles precisos, lançamentos milimétricos e boa posse de bola. E todas essas engrenagens, com bom funcionamento, chegam até Totti, que é o grande líder e artilheiro do time. Conta com boas opções, como o recém-contratado meia sueco Christian Willhemsson e o atacante Mirko Vucinic, mas terá o desfalque de uma jovem promessa do elenco: o meia Alberto Aquilani, que está fora do confronto por conta de uma lesão na coxa.

Porto
X
Chelsea

Esse confronto põe frente a frente, criador e criatura, pois o Porto levou a Champions League de 2003/2004, em boa parte graças ao atual técnico do Chelsea, José Mourinho. Uma análise fria dá a impressão de ampla vantagem aos ingleses, mas o Porto é um time de muito brio e muito forte jogando no Estádio do Dragão.
No Chelsea, talvez essa Champions pode ser a última cartada para que Mourinho leve os Blues ao topo da Europa. Com a saída prematura nas duas últimas edições da competição, Mourinho tem quase que por obrigação dar o título da Liga dos Campeões ao Chelsea. Se não conseguir esse feito inédito para a equipe, é quase certo que ele sairá do comando da equipe, já que nos últimos tempos seu trabalho vêm sendo contestado por muitos torcedores e até emsmo pelo grande mecenas do Chelsea, o russo Roman Abramovitch. Tanto que na janela de transferências de inverno na Europa, o russo fechou a carteira, mesmo com a necessidade de repôr peças do elenco, combalido por muitas contusões, principalmente na defesa. No papel, é uma equipe fortíssima, mas que dentro de campo ainda não encontrou "o encaixe" para vencer e convencer. Apesar da primeira colocação no Grupo A, com 13 pontos, na Liga inglesa, o time vêm perdendo espaço para o Manchester United, seis pontos à frente dos Blues na liderança. Apesar da fogueira de vaidades que queima no elenco, não podemos ignorar a excelente fase do atacante marfinense Didier Drogba, artilheiro da Liga Inglesa e um dos artilheiros da Champions, com cinco tentos. Além de Drogba, a volta do excelente goleiro Petr Cech e da forte defesa da equipe capitaneada por John Terry, o meio campo da equipe londrina é fabuloso. O cão de guarda Makelele, Essien, o alemão Ballack e o ligeiro Robben são os pontos de equilíbrio da equipe, pois devem atacar em bloco e deixar a cargo dos dois volantes africanosa tarefa do primeiro combate. Ataque aliás, que vive um grande contraste: Drogba fazendo gol de todo jeito e o ucraniano Shevchenko, tentando achar o faro de gol perdido em Milão.

Apesar da inferioridade técnica, o Porto é um time muito aguerrido. Com boa campanha na Liga Portuguesa, onde é líder com folgas, fez ótima campanha no Grupo G da Champions. Com 11 pontos, empatou na liderança do grupo com o Arsenal, mas ficou na segunda colocação por conta dos critérios de desempate. Apesar de um início de crise na equipe, por conta de algumas partidas sem vencer na liga local, o técnico Jesualdo Ferrreira vai acertando a equipe para o dificílimo confronto com os ingleses. A grande figura da equipe nessa temporada, sem dúvidas, é o meia argentino Lucho Gonzáles. Capitão da equipe e um dos líderes do elenco, o futebol do argentino cresceu demais nessa temporada, sendo este um dos fatores que podem favorecer os portistas rumo às quartas. Os atacantes Hélder Postiga e Lisandro Lopes são rápidos, se movimentam bem e estão em boa fase também. Outro, que se estiver em boas condições técnica e pode desequilibrar o confronto é o brasileiro Andersom, ex-Grêmio, que está se recuperando de grave lesão. Na zaga, o grande destaque é o brasileiro naturalizado português Pepe, que além de defender, ainda marca seus golzinhos quando vai ao ataque.

Internazionale X Valencia

Não há como não destacar a irrepreensível campanha da Inter no Campeonato Italiano. São 16 vitórias seguidas, récorde nas ligas de ponta européias. Com o scudetto praticamente ganho e em momento favorável, é favorita para o confronto. Mas a equipe espanhola é uma das forças européias que surgiram nesta década, pois foi duas vezes vice-campeã européia (2000 - 2001).

O Valencia vêm credenciado pela boa campanha na fase de grupos, onde foi o primeiro colocado do Grupo D, com 13 pontos, cravando a segunda melhor campanha desta fase. Trata-se de um time muito experiente e tarimbado. O técnico Quique Flores conta com bom planteo, que tem como destaques os atacantes Fernando Morientes e David Villa. A forte defesa, comandada pelos experientes Canizares e Ayala, as boas investidas do esforçado lateral Miguel pela direita e o meio-campo pegador e técnico do Valência são boas armas. Quique Flores tem boas opções para montar o meio, com os volantes Baraja, Albelda e a revelação David Silva, além dos habilosos meias Vicente, Angulo e Joaquín. Se considerarmos que o técnico adota o 4-4-2 para o padrão tático da equipe, são seis jogadores para quatro vagas. Vai depender muito das necessidades do Valencia na partida.

A Inter está rindo à toa. Excelente campanha no Italiano e classificada para as oitavas da Liga dos Campeões depois do péssimo começo na competição, chega credenciada como a segunda colocada do Grupo B, com 10 pontos. Contestado demais no início da temporada, o técnico Roberto Mancini deu a volta por cima junto com o elenco interista. Tanto que, após um péssimo início de temporada, a equipe reina absoluta na Itália, ganahndo até quando não consegue apresentar um bom futebol. E com certeza, boa fase conta como um fator a favor dos italianos. Antes dos destaques da equipe, um grande reforço nos bastidores: A liberação do estádio Giuseppe Meazza para receber o confronto, por conta das medidas para adaptação aos estádios italianos para a segurança, desencadeada pela morte do policial Filippo Raciti há duas semanas atrás. Podendo atuar em casa e contando com o apoio do torcedor, a equipe poderá mostrar todo o potencial técnico que a credencias como favorita neste confronto. A defesa forte, liderada pelo "polêmico" Materazzi, é a melhor da Itália na atualidade. Além da boa zaga, as investidas dos laterias brasileiros Maxwell e Maicon são armas fortes para alimentar o ataque. Na cabeça de área, uma dupla fortíssma, composta por Cambiasso e Vieira, exímios marcadores e com qualidade para apoiar o ataque quando necessário. Na meia cancha, estão o veterano Javier Zanetti e Dejan Stankovic. Stankovic, aliás, que atravessa o melhor momento de sua carreira. Meia habilidoso e forte, ainda consegue marcar gols importantea para a equipe. também é um bom rematador de média e longa distância. Na frente, muita força física aliada a habilidade, com Ibrahimovic e Adriano. O atacante brasileiro, aliás, vem se recuperando de um péssimo início de temporada, iniciado com o fracasso brasilero na Copa de 2006. Mancini ainda conta com boas opções para todos os setores da equipe no banco - na defesa tem Burdisso, Córdoba, Grosso. Na meia, Figo e no ataque, os argentinos Crespo e Julio Cruz. E esse bom banco também pode fazer a diferença.

Barcelona X Liverpool

Ao lado de Bayern X Real Madrid, é o confronto mais equilibrado e esperado dessas oitavas. Reúne so campeões das duas últimas edições da Champions.

Indo direto ao ponto, o Barça, apontado no início da temporada como favoritíssimo ao bicampeonato espanhol e europeu sofre de muitos problemas atualmente. Perdeu a Supercopa Européia e o Mudial Interclubes, além de contusões que afastaram peças importantes de seu elenco. As contusões de Eto'o e Messi comprometeram o rendimento da equipe, que briga com Real e Sevilla pela Liga Espanhola e que só se classificou para as oitavas no último confronto, contra o Werder Bremen. Com 10 pontos, foi o segundo colocado do Grupo A. O técnico Frank Rijkaard, além de ter que ncaixá-los aos poucos na equipe novamente, está tendo que administrar problemas no elenco, envolvendo Eto'o e Ronaldinho, justamente os jogadores que podem desequilibrar o confronto. Mas todos esperam o futebol envolvente e ofensivo que deu aos catalães o título da Champions da última temporada. A defesa está reforçada em relação a defesa campeã, composta pela boa dupla Thuram-Puyol, além de Zambrotta e Bronckhorst nas laterais. O meio campo continua ótimo, com as boas chegadas de Xavi Hernandes e Iniesta, além da imprevisibilidade de Ronaldinho. Messi e Giuly brigam pela última vaga na meia, mas ambos tem características semelhantes e são bons jogadores. No ataque, o rápido Saviola, se contar com a presença de Samuel Eto'o, pode formar uma duple infernal pra cima dos zagueiros grandalhões do Liverpool. Agora, se Eto'o não estiver 100% e jogar o islandês Gudjohnsen, aí os zagueiros da equipe inglesa terão mais facilidade para neutralizar o ataque catalão.

O Liverpool, do técnico Rafa Benítez, está crescendo na temporada. A defesa continua sólida. A meia, com marcação forte e volantes que chegam bem ao ataque, rematando de fora da área. E na frente, o grandalhão Crouch está em boa fase, marcando até gol de voleio! A tradição do Liverpool e a aplicação tática de Benítez podem fazer frente ao Barça, que não vive bom momento nos bastidores. Se Ronaldinho é o grande ícone que pode desequilibrar do lado de lá, do lado de cá a liderança e o bom futebol de Steven Gerrard podem ser o diferencial. trata-se de um bom meio-campo, não imprevisível como o 10 do Barça, mas muito regular, de bom chute e visão de jogo. Ao lado de Crouch no ataque, está o bom holandês Dirk Kuyt, um dos destaques dos Reds nesta temporada.

Confrontos passados à limpo, todos esperam ansiosamente os vencedores desses embates. As possibilidades são muitas, mas nesse caso, todos os caminhos levam a Atenas. Os confrontos de volta serão realizados nos dias 06 e 07 de março. Quais os finalistas que estarão em campo no dia 23 de maio, no Estádio Olímpico de Atenas? Os Deuses estão de olho!

Rápido lembrete: A partir de março, os confrontos da Champions League e dos principais campeonatos europeus serão analisados no Eurogol, programa sobre futebol europeu veiculado pela rádio Unesp Virtual. O Eurogol vai ao ar as quartas, a partir das 17hs. Não perca! É so clicar nos links para obter mais informações.

14.2.07

Caminho para Atenas - Parte I

Uma vez,em um episódio, o saudoso Chaves soltou a pérola "A tormenta se avizinha". Então, usarei-a com um sentido mais benéfico para analisar um pouco mais sobre os embates das oitavas-de-final da Liga dos Campeões. Os jogos de ida acontecem na próxima semana, entre os dias 20 e 21 de fevereiro. Alguns jogos eletrizantes colocarão frente a frente algumas das melhores equipes européias na atualidade, ou seja, garantia de emoção e jogos bem disputados. Nessa primeira parte, faremos uma análise dos jogos de terça, dia 20. Quais os sobreviventes que conseguirão marchar até a capital helênica para a grande final, no dia 23 de maio?

Real Madrid X Bayern Munique

Trata-se do confronto mais equilibrado e imprevisível deste primeiro dia de jogos pelas oitavas. Além da tradição das duas equipes na competição (13 títulos da Champions em campo - 9 do Real e 4 do Bayern), as equipes passam por momentos semelhantes em suas respectivas ligas nacionais. Nos lados bávaros, o Bayern está de técnico novo - Ottmar Hitzfeld em lugar de Felix Magath - e no campeonato alemão é apenas quarto colocado. Mas mesmo com técnico novo, o Bayern não conseguiu achar um padrão de jogo sólido. As saídas de Ballack e Zé Roberto enfraqueceram demais o meio-campo da equipe, que temporada passada conquistou o bi alemão e da Copa da Alemanha. Mesmo atravessando momento irregular na Alemanha, o Bayern fez boa campanha durante a fase de grupos da Champions League. Terminou como o primeiro colocado do Grupo B, com 12 pontos (3V - 3E), à frente da Inter, Spartak e Sporting. Os destaques do time são a eficácia e velocidade do lateral Lahm, destaque da Alemanha na Copa 2006, o meia Schweinsteiger, um bom articulador e arma para remates de média e longa distância, as bolas aéreas para Makaay, Pizarro e Lúcio, que adora apoiar o ataque.

No Real, a situação dos "ex-galáticos" não é muito melhor que em Munique. O técnico Capello chegou à Madrid como um salvador da pátria, mas o seu trabalho está sendo super contestado por torcedores e até alguns jogadores do elenco merengue. Depois de "expurgar" Beckham e Ronaldo, Capello tentar entrosar de vez a equipe, que conta com muitas promessas, que podem estouras a qualquer momento, tais como os jovens argentinos Gago e Higuaín e o brasileiro Robinho, que ainda não disse a que veio. Os pontos fortes dos merengues são o artilheiro Van Nistelrooy, o ferrolho defensivo comandado por Émerson, além da rapidez de Robinho e cia. Chegou até as oitavas como o segundo colocado do Grupo E, com 11 pontos (3V - 2E - 1D), ficando atrás do Lyon. Este é o sexto confronto entre as duas equipes desde 1999/00, com 4 vitórias dos madrileños e duas dos bávaros.

PSV
X Arsenal

O atual campeão holandês e o vice-campeão europeu medirão forças. O PSV fez boa campanha na fase de Grupo, tendo terminado como o segundo colocado do Grupo C, ficando atrás do Liverpool. Tenta conquistar novamente a Liga dos Campeões, feito conseguido somente em 1987/1988. Como pontos fortes, possui a liderança do capitão Phillip Cocu, que além de dar segurança à defesa, ainda tem fôlego para ajudar o ataque, o excelente brasileiro Alex no miolo de zaga, que também é ótimo no jogo aéreo, além da rapidez do peruano Farfán e do marfinense Koné no comando de ataque, que ainda conta com Kluivert como opção, um velho conhecido de muitos torcedores europeus.

O Arsenal, do bom técnico Arsène Wenger, é apenas o quarto colocado da Liga Inglesa. Teve um começo de temporada irregular, mas aos poucos, Wenger conseguiu colocar o time nos trilhos. Por isso, os gunners conquistaram a primeira colocação do Grupo G. atual vice-campeão da Liga dos Campeões, o Arsenal conseguiu manter boa parte da base que perdeu a final para o Barça: A boa e sólida defesa continua, com os rápidos Touré e Eboue preeenchendo bem os espaços e ainda se aventurando no apoio ao ataque. Possui um meio-campo técnico e marcador, com o quarteto Gilberto Silva-Hleb-Fabregas-Rosicky, que dão o equilíbrio entre defesa e ataque, sempre com toque de bola muito envolvente. Na frente está o sempre perigoso e imprevisível Thierry Henry, capitão da equipe. Típico jogador raro hoje em dia, por se tratar daquele que pode decidir uma partida sozinho. Apesar da sentida ausência do arisco Van Persie, o togolês Adebayor vai mostrando bom entrosamento com Henry, como so dois grandalhões se revesando durante a partida como referência de área ou o atacante que busca a bola e vem de trás. Muitos consideram o Arsenal favoritíssimo, mas o PSV é um time tarimbado e pode aprontar pra cima dos ingleses.

Celtic X Milan

Talvez não seja de peso relevante para este confronto onde o Milan é favorito, mas o Celtic faz campanha irrepreensível no Campeonato Escocês, onde está a quase 20 pontos de vantagem para o segundo colocado. Na Champions, os escoceses venceram o confronto direto contra o Benfica e conquistaram a segunda vaga do Grupo F, ficando atrás do Manchester. Trata-se de uma equipe muito forte fisicamente (o botinudo Gravesen, por exemplo) sob a batuta do habilidoso meia japonês Shunsuke Nakamura, que além de ser bom articulador, é um exímio cobrador de faltas e escanteios. E isso pode ser um fator fiferencial no confronto, pois no ataque, o time escocês conta com o grandalhão Vennegoor of Hasselink, centro-avante apropriado para a tática do chuveirinho.

Para vencer a superioridade física do Celtic, o Milan conta com um time muito técnico, mas que ainda não se encontrou nesta temporada. Punido com a perda de pontos por conta do escãndalo do Calciocaos e com uma temporada muito irregular na Série A italiana, o Milan entra nesse confronto como favorito mais pela sua história do que pelo seu atual momento. Sem poder contar com Ronaldo na Champions (pois ele já havia atuado pelo Real na competição) e com um time com média de idade perto dos 30 anos, as saídas que a equipe têm são a regularidade de Kaká e a volta de uma melhor fase de Pirlo e Gilardino, além das investidas de Seedorf pelo lado esquerdo.

Lille X Manchester United

Dos confrontos desse primeiro dia, parece o de mais disparidade técnica. Mas a classificação do Lille para as oitavas foi emocionante. Precisando vencer o Milan na Itália e torcer por um resultado negativo do AEK Atenas, os franceses deram sorte e foram competentes: venceram os milanistas por 2 a 0 e o AEK apenas empatou. A combinação dos resultados deu o segundo lugar do Grupo H ao Lille, com 9 pontos. Estreante em fases finais na Liga dos Campeões, o Lille apóia-se na travessura aprontada por eles frente ao Manchester United na temporada passada, onde os franceses venceram os ingleses em casa e arrancaram um empate em Old Trafford. Esses pontos deixaram o United na última colocação naquela oportunidade, atrás do Lille, que foi à Copa UEFA. O time conta com as boas investidas do brasileiro Michel Bastos, que no Lille deixou de ser lateral e tornou-se meia, do meio campo Mathieu Bodmer, que cadencia e cria oportunidades aos atacantes, além da grande estrela da equipe, o atacante nigeriano Peter Odemwingie, um dos artilheiros do time na Liga Francesa, onde o Lille é o terceiro na atual temporada.

Vacinados pelo fracasso na Champions da última temporada, o ManU fez boa campnha e termnou como primeiro no Grupo F, apesar dos tropços frente ao fraco FC Copenhagen e ao Celtic. Na Liga Inglesa, reinam absoluto. Com seis pontos à frente do vice-líder Chelsea, o Manchester caminha firme rumo ao título inglês e chega à fase final da Champions como um dos favoritos ao título. Apesar do desfalque de Van der Sar na meta dos Red Devils, o conjunto do Manchester é excelente. Bons defensores (Vidic e Ferdinand), um meio campo compacto e Rooney inspirado podem fazer muita diferença pro lado inglês. Fora a ótima fase de Rooney, está o português Cristiano Ronaldo, que atravessa ótima fase e é apontado por boa parte da imprensa como um dos três melhores jogadores na atualidade.

O Opinião FC ainda fará a análise dos confrontos do dia 21 em breve. O berço das Olímpiadas e os torcedores aguardam ansiosamente para saer quem serão os finalistas da Liga dos Campeões 2006/07. Lembrando que a final é em partida única e as quartas de final serão sorteadas novamente pela UEFA. Esses elementos tornam qualquer prognóstico imprevisível, pois duas grandes potências podem se encontrar antes da final em Atenas. Os deuses gregos observam atentamente esses embates, como numa odisséia homérica. E nós também!

12.2.07

Virado à Paulista

Decorridas oito rodadas deste que continua sendo o campeonato regional mais técnico e disputado do país, já é possível traçar alguns destaques e desdobramentos do Paulistão 2007. A briga pelas quatro vagas para a fase mata-mata promete ser acirrada. Para os quatro grandes, o alerta de sempre: O caminho para a classificação não está em apenas vencer os clássicos, mas não perder pontos para as pedreiras do interior, que mesmo com alguns times que foram montados de última hora, estão dando muito trabalho ao trio-de-ferro e ao Santos.

Santos

Não trata-se de um time altamente técnico, letal. Mas sob a batuta de Luxemburgo, o time vem superando todas as expectativas, fazendo uma campanha impecável dentro da competição. Conquistou 19 pontos em 21 possíveis e vem se mostrando uma equipe altamente competitiva e compacta dentro de campo. O planejamento extra-campo feito por Luxa, a manutenção da base que levou o Peixe à Libertadores deste ano e alguns valores individuais são a diferença do Santos para os demais times. Mesmo sem um "homem-gol" de ofício, o coletivo do Santos vem (e muito bem) dando conta do recado. Cléber Santana, o maior destaque da equipe e um dos artilheiros do Paulistão, é uma das peças fundamentais do esquema de Luxa. Contando com o melhor lateral-esquerdo do Brasil atualmente (Kléber) e o melhor volante após a transferência de Mineiro (Maldonado), o Santos vai acumulando gordura na liderança. Como vai ter de disputar a Libertadores simultâneamente ao Paulistão e tendo que adequar o calendário para jogar as duas competições (chegando a disputar três jogos por semana), essa vantagem pode ser importante mais à frente, quando certamente jogadores serão poupados para dar prioridade a competição sul-americana. Vale lembrar que o Santos é lider com um jogo a menos que seus principais concorrentes.

São Paulo

Ainda tentando se encontrar após as saídas de dois de seus principais jogadores dos últimos anos (Danilo e Mineiro), o São Paulo vai alternando excelentes e regulares jogos. Mesmo assim, o time do Morumbi está invicto no Paulistão e tenta ficar na cola do Santos. A exemplo do time praiano, também começará a disputar a Libertadores e terá que fazer boa vantagem no Paulista para não ter problemas mais a frente do Paulistão. Com os reforços de Jorge Wágner e Marcel, o São Paulo reestrutura o seu bom elenco. Os bons destaques do Tricolor até aqui são o trombador Aloísio (quem vem se mostrando um ótimo coadjuvante), além de Lenílson, que briga com Hugo para ocupar a lacuna deixada por Danilo. A vitória incontestável no clássico frente ao Corinthians pode ser o marco de uma boa sequencia para a equipe, que mesmo com a perda de jogadores-chave, continua tendo o melhor time e elenco entre os grandes. Pelo menos no papel.

Corinthians

A exemplo de 2006, continua sendo um poço de problemas. Apesar do começo em bom ritmo, foi estupidamente apático nas três derrotas que teve até aqui (São Caetano, Ituano e São Paulo). Leão realmente está tendo que "matar um Leão a cada dia" para tentar administrar os problemas dentro e fora de campo. O mais crônico deles é a falta de bons laterais. Em uma manobra errada, ao invés de trazer o bom Triguinho, que está jogando muito no Azulão, trouxe o desconhecido e recém-curado de uma lesão Wellington. Aliado a falta de lateral direito, os flancos do Corinthians foram verdadeiras avenidas aos alas do São Paulo, um dos fatores que fizeram a diferença no clássico perdido frente ao São Paulo. Além das laterais, a instabilidade dos zagueiros e a eterna falta de uma referência dentro da área (após a saída conturbada de Christian) fazem o time parecer uma colcha de retalhos. O ponto positivo vem sendo a atuação dos "garotos do terrão". Na falta das estrelas, como Roger e Nilmar, os jovens Élton, William e Wilson estão se esforçando e conseguiram realizar boas partidas com a camisa alvinegra. Além de bons jogadores, falta ao Corinthians um padrão tático. Mas, sem dúvida, tem time para chegar ao mata-mata. E na decisão, o Timão sempre cresce, apesar do time muito inferior, se comparado a Santos e São Paulo.

Palmeiras

Dos grandes, é a equipe com a situação mais crônica. Sem vencer há cinco partidas e com os nervos à flor da pele, o Palmeiras sofre para fazer a sua equipe render o que pode realmente. Apesar do emergente técnico Caio Jr. ter feito do Verdão uma mini-filial do Paraná de 2006, o time tem um bom elenco. Valdívia mostrou-se um raro jogador, que não se vê há tempos nos campos brasileiros, a exemplo de um Alex ou Ricardinho. Meia totalmente cerebral e técnico, peca por finalizar mal. Mas, se bem trabalhado, pode vir a se tornar um dos destaques da equipes. Em meio aos problemas e começando a se sentir ameaçado, o Palmeiras precisa, antes de tudo, trabalhar a cabeça do elenco. É só o Palmeiras tomar um gol que o time desmorona e torna-se um "bando" em campo, todos tentando resolver a partida em jogadas individuais. Uma sequência de boas vitórias pode ser o empurrão que a equipe precisa para embalar de vez e chegar forte na fase final do Paulistão.

Pedreiras

Ao contrário do que se imaginava, as equipes médias e pequenas do Paulistão estão dando muito trabalho. Antes do Paulistão iria acreditar nas boas performances de São Caetano, Bragantino e Ituano. No Azulão, rebaixado no último Brasileirão, Dorival Júnior juntou os cacos e remontou a equipe, com muitas das caracerísticas que marcaram nessa ascensão do São Caetano no futebol brasileiro: Time "chato", de defesa compacta, jogadores rápidos, um homem-gol e resultados quase sempre magros. E o Ituano, que fez um belo "catadão" antes do Paulistão, também vem se mostrando um pedregulho a ser quebrado. E se o Azulão tem o matador Somália, o Galo tem o veterano Sorato. Bragantino e Paulista vão se mostrando bons times jogando em casa, além do Noroeste, que está repetindo a sua excelente campanha do ano passado, quando conquistou o quarto posto, sendo o melhor time do interior do último Paulistão.

Mas nem só de pedras vive o interior. Muitas "vidraças", das bem frágeis, dão as caras. Times como Rio Claro, Sertãozinho e São Bento mostram-se verdadeiras "mães" do campeonato. No campo das decepções, entram Rio Branco e Santo André, respectivamente penúltimo e último colocados do Paulistão. Essas equipes sempre figuraram na elite paulista como pedreiras, mas neste Paulistão montaram times deploráveis e já estão na briga para não cair.

Mesmo perdendo o charme e alguma competitividade de outrora, o Paulistão está saindo melhor que a encomenda, já que os clubes paulistas não fizeram nehuma contratação de impacto. Com São Paulo e Santos nas cabeças, mas com uma Libertadores no meio do caminho, Corinthians e Palmeiras tentando achar uma identidade para não ficar de fora do mata-mata e o interior mais forte, pode estar se cozinhando um verdadeiro Virado à Paulista, indigesto a uns e satisfatório a outros.

6.2.07

Medidas Drásticas

Confusão e morte no dérbi entre Catania e Palermo reacendem a discussão sobre novas medidas para garantir a segurança nos estádios italianos

O mundo do futebol acompanhou, estarrecido, a mais uma morte causada pelo confronto entre torcidas rivais. Na última sexta, durante o dérbi siciliano entre Catania e Palermo, pelo Campeonato Italiano, o policial Filippo Raciti, de 38 anos, morreu vítima de um explosivo atirado contra ele por torcedores. A tragédia foi precedida de muita briga e confusão durante o dérbi disputado no estádio Angelo Massimino, do Catania. Já durante a partida, foguetes foram atirados em direção ao gramado e a partida teve de ser paralisada por cerca de 40 minutos. Nas arquibancadas do estádio, uma verdadeira batalha era travada entre policiais e torcedores. Saldo final: mais de uma centena de torcedores presos, cerca de 80 pessoas feridas durante o confronto, além da trágica morte de Raciti.

O ocorrido na Sicília gerou algumas medidas drásticas por parte da Federação Italiana, como a suspensão do restante da rodada do campeonato no final de semana passado e o cancelamento do amistoso da Itália frente a Romênia. O país parou, tentando achar soluções para cessão das mortes nos espetáculos esportivos. O Primeiro-Ministro italiano Romano Prodi exigiu das autoridades a punição dos envolvidos, além da criação de mecanismos com objetivo de tentar cessar as mortes nos estádios. São ventiladas a adoção de medidas semelhantes as do anti-hooliganismo inglês, que baniu muitos torcedores brigões dos estádios, adequou os estádios para condições de segurança aceitáveis aos torcedores, jogadores e autoridades incumbidas de manter a ordem. Mas todas essas medidas drásticas só foram pensadas após grandes tragédias no futebol britânico. A primeira delas foi no estádio Heysel, Bélgica, durante a decisão da Copa dos Campeões entre Juventus e Liverpool de 1985. Na oportunidade, após invasão da torcida inglesa no setor do estádio destinado aos italianos, 39 torcedores foram mortos, muitos pisoteados durante a confusão pelos próprios torcedores, que tentavam proteger-se da investida dos hooligans ingleses. Por conta da tragédia, onde o Liverpool foi responsabilizado, as equipes inglesas foram banidas de competições européias por cinco anos. As primeiras mediadas a serem postas em prática foi a instalação de câmeras de vídeo para identificação dos torcedores nos estádios e alguns hooligans baderneiros, previamente identificados, ficaram proibidos de freqüentar os estádios ingleses.

Mas mesmo essas medidas iniciais não foram suficiente para evitar o que estava por vir. A Tragédia de Hillsborough, ocorida em abril de 1989, durante partida do Liverpool e Nottingahm Forrest matou 96 torcedores do Liverpool, muitos deles esmagados contra o alambrado, por conta da superlotação do estádio. Ainda cicatrizando Heysel, as autoridades inglesas baixaram uma série de medidas de segurança nos estádios, a "Taylor Report", que determinou a adequação dos estádios ingleses as medidas de segurança para dar mais conforto aos torcedores e evitando trágeidas como a de Heysel e a de Hillsborough.
O que me parece é que medidas drásticas só são tomadas após grandes tragédias de comoção nacional, como as citadas acima ou como a do policial Raciti. Essas medidas já começam a ser discutidas no Parlamento Italiano e cogita-se até a responsabilização dos clubes no episódio. "Não podemos pôr em risco permanente a vida dos policiais. É preciso encontrar uma maneira de responsabilizar também os clubes de futebol para que a situação mude de forma radical" afirmou Prodi a agência de notícias alemã Deustche-Welle.

O colunista do site Trivela Cassiano Gobbet vê a morte do policial como mais uma pá de lama no já combalido moralmente futebol italiano, abalado pelo escândalo que rebaixou a Juventus. Os reflexos desses problemas são visíveis: Queda do público nos estádios e um campeonato com nível técnico afetado.

Confusão também no Brasil

No Brasil a situação não é muito diferente. Leis que não punem, policiais despreparados e a falta de segurança nos estádios, muitos deles ultrapassadíssimos para receber o público, são os elementos para um verdadeiro coquetel Molotov, que pode explodir a qualquer momento, trazendo diversas perdas. No último fim de semana, além de algumas confusões costumeiras entre torcidas de grandes times rivais, dois fatos chamaram a atenção da imprensa nacional: Primeiro, a agressão do gandula ao goleiro do Botafogo, durante o dérbi entre Comercial e Botafogo/SP, na segundona do Paulista. Carlos Marcos deu uma "ferrada" nas costas do arqueiro rival. O STJD interditou o estádio do Comercial e a FEderação Paulista estuda medidas para dar algum tipo de punição ao clube. Em Minas, cenas lamentáveis do despreparo policial na partida entre Vila Nova e Cruzeiro. A confusão nas arquibancadas entre policiais e torcedores fez com que até a partida tivesse que ser paralisada, pois a fumaça do gás lacrimogênio lancada pelos policiais nas arquibancadas chegou até ao campo, impossibilitando o bem-estar dos jogadores. As cenas mostram a agressão dos policiais a mulheres, além do uso excessivo da força contra torcedores aparentemente já dominados pelos policiais. O discurso, no dia seguinte aos fatos, sempre é o mesmo. A imprensa entrevista o responsável pela corporação, ele diz que será aberto um processo administrativo e depois o fato cai no esquecimento. Quase sempre ninguém é punido.

Na Europa, o problema é mais crítico, por conta do comportamento irracional e xenofóbico de seus torcedores. As leis são severas, mas não parecem suficientes para parar os torcedores-delinqüentes. Numa outra mão, apesar do problema não ter a gravidade como na Europa, a falta de interesse das autoridades em encontrar uma solução prática, através das leis, só vai aumentando a pilha de problemas e do perigo do torcedor comum, que vai ao estádio para se divertir. Ações isoladas não são suficiente para sanar os problemas. Mas nos dois casos, esperamos que cenas tristes como Heysel, ou a batalha campal no Pacaembu, em 1995, não sejam usadas para que medidas drásticas sejam tomadas.