31.7.07

Eldorado Gelado

Nos últimos anos, Rússia e Ucrânia – dois países pertencentes a ex-URSS – tem sido o destino de muitos jogadores de qualidade, sejam eles consagrados ou promessas em seus países/clubes de origem. Considerando que a Vischaya League (Ucrânia) e a Premier League (Rússia) não estão entre as principais ligas européias, pelo menos no que diz respeito a parte técnica, porque esses países do Leste Europeu se tornaram uma espécie de “Eldorado” para muitos jogadores?

Após o desmembramento da União Sovética, em 1991, surgiram as ligas russa e ucraniana, sendo que anteriormente somente as principais equipes das ex-repúblicas soviéticas formavam a Soviet Top League, a Liga Soviética de Futebol. E no período em que foi disputada, de 1936 a 1991, a supremacia de russos e ucranianos era evidente. Nesse período de 55 anos, as equipes russas conquistaram 34 títulos e as ucranianas, 16.

A supremacia de equipes como o Dínamo de Kiev (13 títulos), Spartak Moscou (12 títulos) e CSKA (7 títulos) se confirmou nas novas ligas locais. Em 15 campeonatos russos, o Spartak ganhou nove títulos e o CSKA venceu três. Na Ucrânia, o domínio é mais marcante. Em 16 campeonatos, 12 foram vencidos pelo Dínamo de Kiev.

Recentemente, os russos descobriram no futebol um grande filão financeiro. Basta ver que investidores donos de ex-estatais soviéticas são maciços investidores do esporte bretão, como Romam Abramovitch e o obscuro Boris Berezovsky, entre outros. Essa tendência injetou dinheiro e craques nas ligas. E o exemplo mais palpável disso é o surgimento e afirmação do Shakhtar Donetsk na região. Resposável por quebrar a seqüência de nove campeonatos consecutivos do Dínamo de Kiev, os “Miners” já conquistaram três campeonatos ucranianos e conseguiram chegar a fase principal da Champions League na temporada passada. Toda essa ascendência meteórica tem como figura principal o seu presidente, Rinat Akhmetov, proprietário da maior fortuna da Ucrânia, estimada pela revista Forbes em cerca de 4 bilhões de dólares. Akhmetov, que já foi proprietário de antigas estatais e atualmente é o principal acionista da SCM Holdings (que controla indústrias de ferro e mineração), assumiu a presidência do Shakhtar em 1996 prometendo levar o clube ao patamar dos grandes europeus. E o manda-chuva ucraniano não mediu esforços nem dinheiro para chegar a sua meta. Já havia contratado o meia Elano, valorizadíssimo após o Brasileiro de 2004, por cerca de 10 milhões de dólares. Para esta temporada, a equipe laranja já gastou cerca de 40 milhões de euros em reforços: Trouxe o lateral-direito Ilsinho por 11 milhões de euros, o atacante Cristiano Lucarelli – que marcou 20 gols no último Calcio pelo Livorno – por oito milhões de euros e Nery Castillo, destaque da última Copa América atuando pela seleção mexicana, por vultuosos 20 milhões de euros, saindo mais caro que Henry -que custou 14 milhões ao Barcelona. No âmbito interno, trouxe reforços como o goleiro Andriy Pyatov e o zagueiro Volodymyr Yezerskiy, revelações da seleção ucraniana sub-21, além do artilheiro do último campeonato ucraniano, Oleksandr Hladky. E os dois países também se tornaram exportadores de atletas os grandes centros. Recentemente, o romeno Ciprian Marica foi vendido pelo Shakhtar ao Stuttgart por oito milhões de euros.

Investidas do Shakthar a parte, lembremos que muitos brasileiros já estão no futebol russo e ucraniano. Alguns exemplos:
Shakhtar Donetsk: Elano, Fernandinho, Jádson, Luiz Adriano, Brandão e Ilsinho
Dínamo de Kiev: Corrêa, Kleber, Diogo Rincon, Michel e Rodrigo
CSKA: Vágner Love, Jô, Daniel Carvalho, Ramón e Dudu Cearense
Spartak Moscou: Géder, Mozart e Welliton

Mesmo com a procedência duvidosa da maioria desses investimentos, Ucrânia e Rússia começam a se tornar um dos destinos mais rentáveis para os atletas, que ja começam a optar por clubes de lá, ao invés de pequenos e médios de países como Portugal, França e Holanda. Será que no frio russo ou ucraniano, onde os campeonatos têm que parar durante três meses, devido ao inverno rigoroso, está o ouro? Como na lenda do Eldorado, a qual dizia que as construções eram de ouro e as riquezas, inesgotáveis, Rússia e Ucrânia brilham aos olhos dos futebolistas. Mesmo com campeonatos previsíveis (onde poucos times têm reais chances de vencer) e o quase ostracismo profissional.

29.7.07

Mais que um título

O elenco iraquiano comemora o título inédito: Fagulha de esperança e alegria para o sofrido povo do Iraque.

Como descrito no post anterior, a situação política e econômica do Iraque é difícil. O país vive um momento de reafirmação e as notícias que recebemos de lá são as piores: atentados, mortes, indefinição sobre a total autonomia da nação iraquiana.

Mas neste domingo, o Iraque teve boas notícias. De azarão a finalista na final da Copa da Ásia, a equipe comandada pelo treinador brasileiro Jorvan Vieira conseguiu bater os sauditas por 1 a 0 e se sagraram campeões asiáticos pela primeira vez na história. Pra nós aqui do lado ocidental, o título iraquiano dentro de um campeonato asiático pode não representar tanto. Mas para um povo tão sofrido, que montou uma seleção que não pôde sequer treinar dentro de seu próprio país, uma conquista dessas representa muito.

Mesmo que por um instante, as diferentes etnias iraquianas torceram para o mesmo lado. Mesmo os atentados cometidos contra os torcedores não apagaram toda a festa de um povo que sofreu com a tirania de um ditador e com a violação de sua autonomia em uma questionável ação militar norte-americana.

No campo de futebol propriamente dito, o grande herói também foi o maior destaque do Iraque na competição: o avante Younis Mahmoud, que marcou o gol do título, o seu quarto na competição. Mahmoud também esteve presente no elenco iraquiano que conquistou a quarta posição nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, feito muito comemorado à epoca.
E os torcedores iraquianos extravasaram toda a sua alegria, com tiros pro alto e muita festa. Mesmo com as restrições impostas pelo governo provisório do Iraque, os torcedores comemoram muito e por instantes, muitas das diferenças que separavam xiitas, sunitas e curdos sumiram, como ilustra bem a matéria do site Globo Esporte. O primeiro ministro do país, Nuri Al Maliki, também comemorou muito o feito esportivo: "É uma lição sobre a maneira em que o impossível pode triunfar e conseguir a vitória. Espero que possam, vocês e o Iraque, viver livres e vitoriosos em um país em que os assassinos não têm lugar".

Fatos como esses ainda fazem o futebol um esporte peculiar e empolgante. Mesmo em meio a todo o capitalismo, corrupção, parcerias nebulosas e campeonatos mal-organizados, o esporte bretão é capaz de proporcionar alegrias que fogem da esfera esportiva de triunfo e competições. Proporciona alegria a um povo tão sofrido, tão oprimido recentemente pela ditadura. O futebol faz com que os iraquianos vislumbrem, por um momento, paz e traquilidade para reconstruir o país. Por isso, essa Copa da Ásia é mais do que um título para os iraquianos!

27.7.07

Iraque X Arábia Saudita: Batalha à brasileira

Iraquianos comemoram a vaga na final da Copa da Ásia: O país se une, apesar das diferenças, em prol da seleção.

Se o leitor mais desapercebido pensar que mudamos a temática do blog, se engana. Apesar das notícias que chegam até nós referentes aos países do Oriente Médio não serem das melhores, essa batalha não tem interferência americana e o local de disputa é neutro e justo: O campo de futebol. E o que está em disputa não é o petróleo, o Ouro Negro. Vencer essa partida garante o triunfo de ser a melhor seleção asiática.

Iraquianos e Sauditas farão a final da Copa da Ásia - evento disputado simultâneamente em quatro países: Malásia, Indonésia, Vietnã e Tailândia - neste domingo. De um lado, a Arábia Saudita, maior vencedora do torneio ao lado da seleção japonesa e da seleção iraniana, com três conquistas (1984,1988,1996) e liderada pelo brasileiro Hélio dos Anjos. De outro, a surpreendente seleção do Iraque, que tem como melhor participação no torneio um quarto lugar em 1976 e tem Jorvan Vieira como treinador.

Comparando campanhas e tradição futebolística, a Arábia seria amplamente favorita no confronto. Mas o Iraque mostrou na Copa da Ásia que sabe como usar a adversidade a seu favor. Os "Leões da Mesopotâmia" caíram em um Grupo A que pintava a Austrália como favorita ao título, fazendo com que eles, teoricamente, disputassem a segunda vaga do grupo com a anfitriã Tailândia e Omã. Após empate com os tailandeses, a equipe de Jorvan, segundo ele muito contestado pela imprensa local, surpreendeu e venceu os australianos por três a um. E o empate com Omã lhes garantiu a primeira colocação do Grupo A, por si só um feito notável. Nas quartas-de-final, boa vitória sobre a seleção vietnamita por dois a zero. E na semi-final, mais uma molecagem: garantiu o empate com a Coréia do Sul em 0 a 0 e garantiu passaporte na final na disputa de pênaltis. Muita festa no Iraque, país que passa por momento político de reconstrução e reafirmação, apesar da intervenção norte-americana em seu território. O principal jogador da equipe é o atacante Younis Mahmoud, que marcou três vezes na Copa da Ásia e já soma 30 gols com a camisa da seleção iraquiana.

Os sauditas são mais tradicionais no continente, começando pelo seu técnico, velho conhecido de alguns torcedores brasileiros como os do Sport, Vasco e Goiás. Três vezes campeões da Ásia e quatro Copas do Mundo consecutivas na bagagem (1994,1998, 2002 e 2006) credenciavam os "Falcões Verdes" como um dos favoritos ao título. Integrante do Grupo D, ao lado de Coréia do Sul, Indonésia e Bahrein, os sauditas não encontraram dificuldades para garantir o primeiro lugar da chave. Um caminho mais tortuoso na fase de mata-mata fortaleceu a equipe na Copa da Ásia. Vitórias sobre o Uzbequistão e sobre o Japão, atual bicampeão do torneio, mostraram a força dessa tradicional seleção asiática. O princiapal destaque e um dos artilheiros da competição com quatro gols é o atacante e capitão da equipe Yasser Al-Qahtani. Conhecido como "O Atirador", o avante de 26 anos marcou um dos gols da Árabia Saudita na Copa da Alemanha no empate com a Tunisia em dois a dois, o que mostra a sua experiência e importância dentro do grupo saudita.

Principalmente aos iraquianos, estar na final já é uma vitória. O país passa um momento delicado e a presença militar norte-americana não agrada aos cidadãos locais. Nessa Copa da Ásia de tão bons e surpreendentes resultados, o futebol tem sido uma válvula de escape para os iraquianos, tanto para o bem quanto para o mal. Se por um lado, alguns se aproveitam da aglomeração de torcedores iraquianos para cometerem atentados, por outro, o futebol mostra como é possível manter a convivência pacífica entre etnias religiosas tão diferentes, como é o caso de sunitas e xiitas. Em entrevista ao Portal G1, o técnico Jorvan Vieira destaca a união entre eles em prol da seleção local: "Aqui, eles brincam, se beijam, se abraçam, dão as mãos e até tocam música árabe juntos. O ambiente é o melhor possível".

Os caminhos do futebol são realmente surpreendentes. Mesmo com todo o capital que o profissionalismo exige que seja investido para se manter uma equipe competitiva, mesmo com os interesses mercadológicos de todos envolvidos no universo da bola, o esporte mais popular do mundo é capaz de coisas inimagináveis em situações corriqueiras. E o comando de Jorvam frente à seleção iraquiana prova isso. Numa região como o Oriente Médio, onde o conflito parece tão latente, mais e mais brasileiros tentam a sorte no futebol daquela região. Mesmo movido pelos petrodólares, a ajuda que eles dão para o desenvolvimento do futebol local é imensa. E a final dessa Copa da Ásia mostra toda a competência brasileira, apesar das dificuldades.

26.7.07

O último dos americanos


Comemoração de gol venezuelano
Esta cena poderá se repetir na próxima Copa do Mundo?

Alguém em sã consciência seria capaz de apostar na classificação da Venezuela para a Copa do Mundo de 2010? Você confiaria nisso? Bom, eu sim...
Mas, afinal, porque bancar uma equipe que até o início da década de 90 era considerada o maior saco de pancadas do continente? Loucura? Falta de conhecimento?
Meu primeiro ponto de análise parte da obviedade: o gradual crescimento do futebol vinotinto, que diga-se de passagem foi o que mais evoluiu nos últimos anos. Boa parte desta evolução deve-se, contudo, a política de Chavez.
Graças ao incentivo governamental aos esportes nacionais, o futebol pôde se espalhar, cada vez mais, por todos os cantos da Venezuela. E convenhamos, após a organização desta Copa América, esta disseminação tem tudo para aumentar exponencialmente. Certamente a reforma realizada no país e a criação de estádios modernos serviu como fator motivacional para com a torcida venezuelana.
Mesmo assim alguns me questionarão: será que a Venezuela consegue ficar, ao menos, com a quinta posição das Eliminatórias? E antes que alguém me fale que em quinto a Venezuela disputaria uma vaga na repescagem, eu informo: na Oceania, o único time que vale a pena comentar é a Austrália, equipe que atualmente está filiada a Ásia, inclusive. Ou seja, se às regras se mantiverem fiéis, o quinto americano estará na Copa.
Excetuando Argentina, Brasil e Paraguai, todas as outras seleções encontram-se no mesmo nível técnico. Dos outros sete, talvez pela tradição e por alguns talentos individuais, apenas o Uruguai tenha maiores chances de beliscar uma vaga. O resto? Adversários fracos.
O Equador mostrou na Copa América que tem um time velho e em decadência, ou seja, dificilmente dará trabalho. A Colômbia apresenta atletas que são até habilidosos, porém, não sabe atuar em conjunto construindo uma equipe propriamente dita. O Chile chega com um time demasiadamente novo (base da seleção sub-20) e apesar de razoável, sentirá a ausência de um ponto de referência em campo. Já o Peru, depende demais dos seus destaques individuais (leia-se Guerrero, Farfán e Pizarro) e a própria história mostra que isso nunca leva a nada. A Bolívia é muito fraca, somente a altitude de La Paz não irá resolver...
E a Venezuela? O esquadrão vinotinto não é dos piores. Apresenta uma zaga firme, um meio-campo que tem qualidade tanto para marcar quanto para criar jogadas e Arango, experiente jogador que chama a responsabilidade para si. Só falta um goleiro que passe maior segurança e um matador nato.
Enfim, aposto na Venezuela porque acredito que hoje, o selecionado de Richard Páez já apresenta-se, no mínimo, como a quinta força da Conmebol. O time é coeso, tem bom conjunto e seus atletas estão em alta.
Logicamente, em 3 anos muita coisa mudará e o cenário pode representar algo totalmente diferente. Mas vale a pena lembrar, quando a Copa América de 1999 acabou, alguém acreditaria que o inexpressivo Equador atingiria duas Copas do Mundo consecutivas? Talvez o sonho da Venezuela, único páis da América do Sul que ainda não foi a uma Copa, não seja tão impossível assim...

25.7.07

Novos Talentos

Consolo: Se a seleção principal não ganha nada, a seleção argentina sub-20 conquista seu sexto título na categoria.

Neste último domingo, terminou o Mundial sub-20, disputado no Canadá. Para os argentinos, vencer este campeonato, mesmo sendo um mundial de juniores, serve de consolo para a dor de perder a Copa América para o maior rival e ainda fica a esperança de que esta boa geração que está por vir possa render mais frutos que a atual. A defesa mostrou-se eficiente, pois sofreu apenas dois gols em sete jogos. Destaques para os defensores Matias Cahais, do Boca e Emiliano Insúa, do Liverpool. Na meia, a Argentina mostrou bons jogadores e de muita técnica, como é o caso de Ever Banega, titular e campeão da Libertadores com o Boca, Maximiliano Moralez, do Racing e os rápidos e ariscos Mauro Zárate, excelente driblador que já havia se destacado nos últimos anos pelo Vélez e o capitão e mais “experiente” da equipe, Sergio Agüero. O jogador do Atlético de Madrid foi artilheiro com seis gols e eleito pela FIFA como o melhor jogador do Mundial.

Ainda sobre as seleções sul-americanas, destaque para a terceira colocação dos chilenos, do excelente goleiro Christopher Toselli, do polivalente lateral Maurício Isla, muito voluntarioso no ataque, do volante Arturo Vidal, muito bom na saída de bola e no desarme (recentemente vendido ao Bayer Leverkusen) e do arisco meia Mathias Vidangossy, com marra a la Valdívia e muita técnica. Sobre o Brasil, nem precisa falar né? É só dar uma olhadinha no post anterior e tentar entender o dramalhão que Nélson Rodrigues fez com a Seleção.

Pelos europeus, excelente vice-campeonato da compacta República Tcheca. A forte marcação e o faro de gol da dupla Martin Fenin e Lubos Kalouda (três gols cada) contribuíram para a boa campanha dos tchecos. Outra boa surpresa foi a Áustria. Sumida do cenário do futebol há tempos – tanto que a última participação deles na Copa do Mundo foi em 1998, aquela do velho centroavante Poulster - a equipe do técnico Paul Gludovatz garantiu o quarto lugar. Essa nova geração traz esperança para uma boa campanha na Eurocopa 2008, onde a Áustria sediará o evento em parceria com os suíços. O bom time da Espanha ficou pelas quartas-de-final do torneio, mas bons valores como o zagueiro Gerard Pique, o rápido meia-esquerda Diego Capel e o vice-artilheiro do Mundial com cinco gols Adrian López saem bem cotados, além de terem sido os algozes da precoce eliminação brasileira do Mundial. O meia Dawid Janczyk, da Polônia é outro que se deu bem nesse Mundial.

Para finalizar, não poderia deixar de fora o “eterno” Freddy Adu, que segundo brinca meu amigo Felipe Brisolla, “é o maior vendedor de sucrilhos da história dos Estados Unidos”. O ganês naturalizado norte-americano já foi comparado a Pelé por jornalistas mais afoitos, mas os três gols do meia no Mundial e a fluidez de jogo que ele dá a seleção do Tio Sam logo o credenciarão a ser titular absoluto da seleção principal. Em breve, suas boas partidas lhe proporcionarão a chance de atuar em times competitivos da Europa. Além de Adu, Josmer Altidore, com quatro gols (dois deles contra o Brasil), também merece destaque positivo.

Minha seleção desse sub-20, jogando no 4-3-3: Christopher Toselli (CHI); Maurício Isla (CHI), Matias Cahais (ARG), Gerard Pique (ESP) e Federico Fazio (ARG); Ever Banega (ARG), Arturo Vidal (CHI) e Maximiliano Moralez (ARG); Adrian Lopez (ESP), Freddy Adu (USA) e Sergio Agüero (ARG).

23.7.07

Decepseleções

Papelão. Fiasco. Pipoca. São alguns adjetivos que podem ser usados para resumir a participação de algumas seleções nos últimos campeonatos disputados em diversas partes do globo. E o primeiro exemplo não poderia ser mais prematuro e caseiro. As Seleções de base do Brasil garantiram boas doses de raiva ao torcedor, já que a Sub-20 caiu nas oitavas-de-final do Mundial da categoria, disputada no Canadá. A derrota para a Espanha carimbou a pior campanha da equipe canarinho em todos os tempos da competição. O técnico Nélson Rodrigues conseguiu transformar uma equipe de promissores jogadores em um fiasco total. Depois de não convocar o atacante Guilherme, revelação cruzeirense, o técnico apostou na sua teimosia e se deu mal. Bancando o esforçado, mas limitado tecnicamente, Leandro Lima e revesando jogadores promissores como Willian, Carlos Eduardo e Renato Augusto, Rodrigues não conseguiu impor um padrão tático ao time, muito preso as jogadas pelo meio, com falhas nas laterais e na defesa, alem de depender da inspiração de um Alexandre Pato que estava irregular na competição. Resultado: três derrotas (Polônia, EUA e Espanha) e uma vitória contestável (Coréia do Sul) fizeram com que o Brasil caísse prematuramente e deixasse o caminho livre para que o Chile e a campeã Argentina fizessem boas campanhas.

A empolgação do Pan poderia compensar a inexperiência da Seleção Sub-17 no torneio de futebol. Comandados por Lulinha, o Brasil parecia que ia passear em campo e ao menos, garantir uma medalha. Mas o “mini-Maracanazzo” contra o Equador acabou com o sonho dos garotos comandados por Lucho Nizzo. Uma seleção sem inspiração e com diversos problemas defensivos fez com que o Equador passeasse em campo. E o Brasil não passou nem da primeira fase.

Na Copa América em que o Brasil se superou com quatro voluntariosos volantes no meio-campo, a Argentina jogava bem e era a grande favorita da final. Comandados por Riquelme, com um time mais experiente e mais entrosado que os rivais, a Argentina foi apática na final. E jogou por terra toda uma bela campanha, afinal, os hermanos precisavam desse campeoato para sair da fila de 14 anos sem títulos. E o gol contra de Ayala na final coroou o final de uma geração de bons jogadores que não conseguiu dar um título importante aos portenhos. De consolo, resta aos argentinos torcerem para que a boa safra campeã mundial sub-20 de Banega, Gonzalez, Agüero e Zárate possa render bons frutos.

Alguns podem até contestar essa última decepção que colocarei nesse post, mas na minha visão, não tem como deixar de citar a participação da Austrália em sua primeira Copa da Ásia. Após a sua recente filiação a Federação Asiática de Futebol (AFC), os “Socceroos” estavam no Grupo A, junto a seleções inexpressivas no cenário internacional como Omã, Iraque e Tailândia. Nenhuma missão impossível para os australianos, que fizeram boa Copa do Mundo na Alemanha, sendo eliminados pela Itália nas oitavas. Mas o empate frente e Omã e a surpreendente derrota para o Iraque deixaram a Austrália em situação difícil para obter a classificação, que veio após a vitória frente ao seu adversário de grupo, a Tailândia. O segundo lugar do grupo levou-os direto a pedreira, enfrentando o Japão logo de cara nas oitavas. Depois do empate no tempo normal, os “Socceroos” foram eliminados nos pênaltis, deixando escapar a chance de ganhar seu primeiro título de “expressão” fora da fraca Oceania. Não era de se esperar campanha tão irregular da Austrália, já que muitos dos seus jogadores atuam na Europa, como Mark Schwarzer e Mark Viduka (Middlesbrough), Tim Cahill (Everton), Harry Kewell (Liverpool) e Mark Bresciano (Palermo). Portanto, nada de falta de experiência. Será que jogando assim eles se classificam pra Copa de 2010?

19.7.07

Tragédia no ar

A exemplo do acidente aéreo ocorrido esta semana em São Paulo, o acidente que vitimou a grande equipe do Torino, em 1949, também causou grande comoção em todo o mundo.


Todos assistimos perplexos ao acidente ocorrido nesta semana com o avião da TAM, vôo JJ 3024, procedente de Porto Alegre. Na fatalidade, faleceram as 186 pessoas que estavam no avião, fora as vítimas em terra, no momento em que o AirBus colidiu com o galpão de cargas. A exemplo do acidente ocorrido no ano passado como avião da Gol, o Brasil inteiro ficou muito emocionado e triste com o ocorrido e diversas homenagens foram prestadas pelo mundo do esporte brasileiro, tanto pelos competidores do Pan quanto dos jogadores do brasileirão, que usaram tarjas pretas em seus uniformes e hastearam bandeiras a meio pau.

Mas o esporte também já foi personagem central de tamanha tragédia, de igual comoção por todo o mundo. Na década de 40, o Torino mostrava seu futebol exuberante em gramados italianos. Comandados pelo capitão Valentino Mazzolla, a equipe de Turim e maior rival da Juventus, chegava a temporada 48/49 como o maior time europeu da época. Até aquele ano, a equipe ja havia conquistado quatro títulos na década de 40, sendo que três deles foram de forma consecutiva (42/43, 45/46, 46/47, 47/48).

A equipe era um verdadeiro timaço e a excessão do goleiro, os outros 10 jogadores formavam a base da Azzurra naquele tempo. Tudo caminhava normalmente. O Toro atropelava os adversários rumo ao quarto scudetto consecutivo no Calcio. Já estava quatro pontos à frente da Inter, faltando quatro rodadas para o final da Liga Italiana. Após um amistoso frente ao Benfica, em 3 de maio de 1949 - onde a equipe lisboeta homenageava seu capitão, Francisco Ferreira - a equipe retornava à Itália de avião. Mas uma mudança no destino final do vôo (o piloto resolveu aterrissar no aeroporto de Caselle, em Turim ao invés de Malpensa, em Milão) acabou por se tornar uma grande fatalidade. Devido ao mau tempo - há relatos de chuva e neblina no momento do acidente - o piloto voava a uma altura muito baixa. Tão baixa que ele não pode evitar a colisão do avião contra a Igreja de Superga, localizada numa colina próxima a Turim. Após o choque, o avião explodiu, tornando-se uma grande bola de fogo no ar e vitimando todo elenco do Torino e também sua comissão técnica, além de alguns jornalistas, totalizando 25 pessoas.

A tragédia naquele 4 de maio, que teve proporções grandes na Itália e virou notícias em diversos pontos do mundo, o que rendeu diversas homenagens ao elenco Toro. Francisco Ferreira, visivelmente abalado com a tragédia, doou o cache referente a partida com o Benfica realizada na véspera do acidente aos familiares das vítimas do acidente. Além disso, a "Tragédia de Superga", como ficou conhecido o fato, trouxe a tona todo espírito de fair-play, tanto na esfera esportiva quanto fora dela. Em comum acordo e diante de tamanha comoção, o Torino foi declarado o campeão do Calcio naquela temporada, mesmo com os quatro jogos restantes. Para disputar os últimos jogos daquele ano, o Torino resolveu homenagear seu elenco colocando os juvenis para jogar as partidas que restavam. E os garotos venceram os quatro jogos que restavam: Torino 4X0 Genova, Torino 3X0 Palermo,Sampdoria 2X3 Torino e 2X0 sobre a Fiorentina (em respeito as vitimas, todos os adversários também escalaram a equipe juvenil nas partidas). No funeral da equipe, cerca de 500 mil pessoas saíram as ruas para homenagear os campeões. E diversas homenagens espalhavam-se Europa e mundo afora. Para muitos, aquela equipe de Bacigalupo, Ballarin, Maroso, Grezar, Rigamonti, Castigliano, Menti, Loik, Gabetto, Mazzola e Ossola foi a melhor equipe italiana de todos os tempos e que com ela havia morrido também o futebol arte e ofensivo italiano, que anos depois adotaria na forma do fortalecimento defensivo (Catennaccio) a sua principal característica de jogo. Depois da Tragédia de Superga, o Torino nunca mais foi o mesmo. Entre idas e vindas da Segunda Divisão italiana, a equipe só voltaria a conquistar um scudetto depois de quase 30 anos, na temporada 75/76.

Seja no esporte ou no cotidiano, podemos ver a comoção que tragédias desse porte trazem as pessoas. E a exemplo da fabulosa equipe do Torino, lembrada pelos italianos com carinho até hoje, que essa tragédia em São Paulo não caia no esquecimento. E que todas as previdências cabíveis sejam tomadas na investigação do acidente aéreo que ceifou bruscamente tantas vidas. Que Deus possa confortar a todos!

15.7.07

Brasil à italiana

Desespero argentino: Freguesia para o maior rival e seca de títulos importantes continua.

Mais uma vez, pesou a tradição da camisa amarela. Desacreditado, o Brasil mostrava um futebol questionável, comandado por um técnico turrão encarou uma Argentina que jogava o futebol mais vistoso da Copa América, mais centrada, individualmente melhor. No fim, a eficiência com que o Brasil atuou na final deixou os hermanos perdidos. Em meio a resquícios de futebol de Messi e Riquelme, sobressairam-se o futebol solidário e a marcação de Mineiro e Josué e a força de Júlio Baptista. E mesmo com Elano se contundindo, onde a opção mais "razoável" seria a entrada de um meia, recuando Baptista para a direita, Dunga colocou Daniel Alves e este foi um dos jogadores-chave para o êxito brasileiro sobre a seleção albiceleste.
Tonha tudo para dar errado, e no fim, o Brasil foi campeão jogando um futebol de campeão. Méritos para a persistência da equipe, para a atuação decisiva de Vágner Love na final (que tanto critiquei neste espaço, mas ainda tenho restrições ao camisa 9) e para a versatilidade dos volantes.
Mas o torcedor não pode se iludir com esta Seleção renovada. E Dunga não pode tumultuar a Seleção bancando Júlio Baptista ou Elano nos lugares de Kaká ou Gaúcho. É momento de ele usar esse bom momento em favor da continuidade da renovação dentro do Brasil, mas sempre utilizando os melhores jogadores possíveis e não de tentar provar para a imprensa de que ele está sempre certo.
Como a Itália em 2006, o Brasil venceu priorizando a marcação. Mas como eu ouvi Juca Kfouri dizer hoje, o "Brasil deve se pautar em ser uma fábrica de criadores e não de marcadores".
E vale cutucar os hermanos, pois é a terceira final consecutiva que eles perdem para o Brasil. Fora os 14 anos de fila. Don't cry for me, Argentina!

14.7.07

É fácil criticar...

A atual campanha da seleção de Dunga tem gerado críticas e declarações, no mínimo, duvidosas por parte da imprensa. È claro que o caminho do Brasil até a final não foi convincente e que o próprio treinador tem deixado muitos torcedores de cabelo em pé com certas decisões. No entanto, não entendo alguns pedidos que tenho visto por parte de alguns jornalistas. Para exemplificar meu ponto de vista, vou utilizar o caso de Afonso Alves. Com a inconstância de Vágner Love no ataque, algumas pessoas têm pedido a escalação do recém-convocado. Mesmo assim, é preciso dar mais tempo para Vágner, até porque, ele será sempre um bom jogador para compor a seleção, e não o novo Ronaldo Fenômeno que todos esperam.

Pedir a escalação de Afonso é um delírio. Um delírio de uma imprensa imediatista que se baseia mais em videos de you tube e imagens editadas do que no futebol de um jogador em si. Além disso, esse tipo de comportamento explica o atual estado da seleção brasileira. Um time desconhecido que não demonstra raça e nem vontade de vencer... Talvez, se os torcedores e a imprensa dessem mais tempo para nossos jogadores, teríamos um time mais coeso e consistente... como o da Argentinha. Quantos jogadores que hoje atuam pela seleção de Basile não tiveram fiascos anteriores? A maioria já naufragou diversas vezes. Riquelme, Tevez e Verón são alguns exemplos... Ainda bem que por lá eles parecem ter aprendido a lição... Tevez e Messi são os represantantes da nova geração da Argentina que, infelizmente, vai fazer o Brasil comer muita grama.. Mesmo que isso não aconteça tão cedo, como no próximo Domingo...

12.7.07

E lá vamos nós de novo!

As exibições do Brasil nesta Copa América me fazem lembrar de meu saudoso avô Jodar. Em todo jogo da seleção ele se sentava no canto direito do sofá para ficar mais perto da TV e acompanhar com mais atenção cada detalhe da partida. A cada jogada mal sucedida do nosso time ou investida adversária, espalmava suas mãos contra suas coxas dando ruidosos tapas por causa do nervoso que passava. Posso afirmar com certeza que, se ele pudesse assistir as exibições do selecionado de Dunga, estaria hoje com os enormes hematomas na pernas.

O brasileiro é aquele torcedor que mesmo decepcionado com as atuações da sua seleção, irritado com o centro-avante que não faz gol, pasmo com seu meio campo sem criatividade e temeroso por seus adversários em ascensão, não irá deixar de vibrar e comemorar um possível título da Copa América, mesmo que o futebol da nossa atual equipe não faça jus à nossa história.

Acostumados com grandes conquistas e grandes equipes, nós brasileiros estamos tendo que nos habituar com um time “meia-sola” e sem grandes pretensões, que vai caminhando na competição mais por incompetência adversária do que por mérito próprio. Time que depende de um jogador genial, dez jogadores apenas esforçados e um técnico inexperiente com esquemas táticos duvidosos.

Quem não se lembra do nosso virtuoso “Quadrado Mágico”, constituído por Kaká, Ronaldinho, Ronaldo e Adriano? Com um futebol virtuoso e habilidade acima da média, o quarteto, mesmo sem ter conquistado a Copa do Mundo do ano passado, era temido e tido como referência de qualidade de criação e finalização. Nesta Copa América, podemos dizer que nosso técnico instituiu o “Quadrado Trágico”, onde quatro volantes ( Josué, Mineiro, Gilberto Silva e Júlio Batista – sem esquecer de Elano e Fernando ) fazem o serviço de marcação e criação ao mesmo tempo, deixando o talento de Anderson e Diego restrito ao banco de reservas, o que causa uma enorme falta de velocidade e criatividade no meio campo do Brasil.

Na frente, Vagner Love, no melhor estilo Aloísio, só cai no chão. Parece que esqueceu as chuteiras anti-derrapantes em Moskow. Se não fosse seus “dreds” que chamam a atenção, poucos notariam sua presença em campo, principalmente durante o segundo tempo dos jogos.

A outra opção no ataque é o desconhecido e esforçado Afonso Alves, que para deleite de alguns corneteiros de plantão, poderia ter sido o carrasco da eliminação para o Uruguai após perder sua cobrança de pênalti, mas contou com a sorte e a incompetência dos celestinos na hora da decisão. O atacante caiu de gaiato nessa equipe e é difícil prever qual será seu futuro mediante as poucas chances que está tendo e a pressão que a imprensa faz sobre sua convocação.

A falta de opção no ataque se mostra evidente com a dupla Love-Afonso. Lógico que Dunga não tem culpa de Fred ter se contundido. Sorte dele que, assim, foi poupado de um possível vexame em terras chavistas. Porém, ele também não seria o “salvador da pátria” O que fazer então? Fácil, joga a bola no Robinho!

O atacante do Real Madrid é a referência do time, e quando ele não está bem o Brasil fica travado. Robinho é o cara que parte para cima, chama a jogada, faz o drible diferente e conclui para o gol. Está com mais “faro na área” que o rapaz do cabelo azul. Se ele pipocar, adeus título.

Essa é a seleção do capitão do tetra. Essa é a seleção do volante vigoroso que de tanto gostar da sua posição de ofício, enche o meio campo de volantes para ver no que vai dar. Essa é a seleção do ataque que não convence e não assusta. Essa é a seleção que teme enfrentar a Argentina antes da final. Essa é a seleção que não empolga, mas que chegou na final para garantir, senão o título, pelo menos o churrasco de domingo do nosso torcedor.

11.7.07

Não vou engolir mais uma vez!!!

Por Fábio Leopissi

Preparem os antiácidos, aquele copo d’água e um bom remédio para o estômago. Já nos acostumamos com comidas indigestas que começam a ser digeridas durante a Copa América e acabam na Copa do Mundo. Para aqueles que possuem uma memória digestiva curta, relembro que ao final de uma competição sulamericana de seleções, nosso então treinador chorou em rede nacional e nos avisou: “Vocês vão ter que me engolir!”

Acompanhando agora seu discípulo da teimosia - antes o homem de confiança, hoje mais um transgressor da arte, no mal sentido - embrulha-me o estômago ao pensar que terei que digerir por tempo inderterminado, não só ele, mas sua legião de volantes. Se todo mal fosse suas camisas pouco sóbrias, meu sistema digestivo, embalado por um exército de sal-de-frutas, até aceitaria sua presença à beira do gramado. Adicionando a essa receita a teimosia: nada feito.
Ontem, após o pênalti perdido por Lugano, fui para cama e logo ouvi um resmungo. Tentei ignorar, não queria conversar sobre futebol naquele momento. Mesmo porque sabia o que ele queria dizer. Não respondi, ele insistiu. Sem muitas palavras, tão pouco paciente, foi claro: “Já engoli o Zagallo, apesar de vir com Zé Roberto, Dunga e Bebeto, ao menos tinha Ronaldo, Rivaldo, Leonardo e Romário (cortado por contusão da Copa de 98) como atenuantes. Dessa vez Dunga como prato principal, mais três volantes natos, Júlio Batista e Vagner Love no ataque não dá! Só o Robinho não resolve, eu não vou digerir Kaká e Ronaldinho Gaúcho no banco. Vou regorgitar!”

Não houve discussão, nem argumentos tive para rebater. Somente agradeci aos deuses da discussão o fato dele ter esquecido o Doni. Ao final, apenas lembrou, como quem, após a facada, gira-a dentro do corpo como um ato de superioridade, olhando no olho com ódio e mostrando quem é o sr. da situação no momento, que aquela digestão forçada do Zagallo lhe rendeu três goles de Zidane para ajudar a descer. Está claro que se esse time de volantes do treinador que defende seu ofício “brucutu” ganhar essa Copa América, certamente o grupo será fechado, veremos, ainda que por tempo determinado, por motivos óbvios, Kaká e Ronaldinho Gaúcho no banco, Vagner Love com a camisa 9 e Doni sendo exaltado aos berros por Galvão Bueno.

Esse é o nosso futuro, não há saída. Se o Brasil vencer Argentina ou México no domingo, voltará a imperar a teimosia, a arrogância e a má educação, continuando o reinado das volâncias. Domingo será decidido o futuro de nosso sistema digestivo. Repito, preparem os antiácidos, aquele copo d’água e um bom remédio para o estômago. Vamos ter que engolir!! (Meu estômago resmunga novamente. Será que ele lembrou do Doni?)

10.7.07

Dez mil!


“Escrever para um blog pode parecer uma tarefa fácil de ser realizada, ainda mais quando não há um compromisso com editores e com o próprio público em si. Durante este quase um ano de existência do Opinião FC, ficou evidente um grande esforço por parte dos participantes em manter um pacto com a boa informação e, principalmente, com a linha editorial aqui proposta. No decorrer desse processo, foi perceptível ao leitor um amadurecimento das postagens e uma busca incessante por uma atualização diária, rica de novas questões e levantamentos. Por tais motivos, sentimo-nos lisonjeados em fazer parte dessa equipe e agradecemos pela atenção desprendida a cada um dos dez mil internautas que por essas páginas circularam. Esperamos continuar a oferecer um produto ainda melhor e com mais qualidade”.

Por Felipe Brisolla e André Augusto



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É com grande orgulho e satisfação que anunciamos um marco importante nessa curta vida do Opinião FC. Nesta terça-feira, atingimos o número simbólico de 10 mil visitas ao nosso blog. Idealizado por alguns alunos do curso de jornalismo do sétimo termo da UNESP/Bauru que sentiam falta de escrever em um espaço alguns dos assuntos com os quais tivéssemos maior afinidade, no caso o jornalismo esportivo. Restritos a outras esferas jornalísticas dentro do ambiente acadêmico, encontramos no espaço da blogosfera um modo de aperfeiçoamento da parte teórica aprendida dentro da faculdade, aplicando essa técnica dentro de um canal opinativo na internet falando de um assunto que gostamos e sempre discutimos nas rodas de boteco.
E nessa caminhada, iniciada em agosto de 2006, conhecemos muitas elementos no universo da blogosfera que partilham de alguns dos nossos valores e que por ventura, passaram a nos visitar com freqüência: Felipe Leonardo (Futebol Europeu), Arthur Virgílio (Jogo Duro), Uilians Santos (Palavras Certas), o pessoal do blog Na Cal, a equipe do blog Di Letra, entre outros.Todos sempre com tons críticos muito pertinentes aos nossos textos.
Mesmo com as dificuldades de atualização devido à rotina de trabalho ou de faculdade, tentaremos manter o espírito que nos trouxe até aqui, de um canal crítico,mas que acima de tudo, é feito por nove colegas que possuem mais que um laço profissional, mas um forte vínculo de amizade. Muito obrigado a todos e que o malfadado “emcimadomurismo” caia em desuso no jornalismo esportivo nacional!

Alexandre Azank, André Augusto, Arthur Kleiber, Bruno Calixto, Erick Amirat, Felipe Brisolla, Jefferson Pacaembu, Jota Assis e Thiago Barretos.
Equipe Opinião FC.

7.7.07

Capitão ou Técnico?

"Não conheço nenhuma fórmula de sucesso. Mas conheço, com certeza, a do fracasso: querer agradar a todos." (John Kennedy)

Essa frase é um lema adotado pelo ex-técnico da Seleção, Carlos Alberto Parreira, e essa filosofia começa a fazer escola com o atual técnico, Dunga. Execrado como um dos principais culpados da má campanha do Brasil na Copa de 1990 e exaltado como um dos símbolos de raça e determinação da Copa de 1994, Dunga pretende basear seu trabalho à frente do Brasil naquele elenco campeão na Copa dos Estados Unidos. Mais do que seguir alguns dos preceitos de Parreira, Dunga vai além e declara abertamente o pragmatismo na obtenção de resultados. Depois do "Gol como um mero detalhe" de Parreira, Dunga adota o "Time bom é o que vence". E compara duas seleções distintas, tanto em técnica quanto nos resultados obtidos: A seleção do Mundial de 1982, de futebol vistoso e derrotada pela Itália com a Seleção de 1994, de futebol burocrático mas que tirou o Brasil de um jejum de 24 anos sem um título mundial. Dunga declarou ao Estado de S. Paulo desta sexta que achava a Seleção de 1982 fantástica mas com uma resalva: "Aquela seleção não teve a química para vencer. Ter técnica é ótimo, mas a técnica não resolve todos os seus problemas".

Sobre o Brasil de 1982, é consenso de que se trata de uma das seleções mais injustiçadas e inesquecíveis da história das Copas do Mundo. Muito mais que o Brasil de 1950, a Hungria de Puskas, Csibor e Hidekguti em 1954 ou o Carrossel Holandês de 1974, todas vice-campeãs de Copas. A Seleção de 1982, dirigida por Telê Santana, causou muita comoção entre toda a imprensa esportiva da época ao ser eliminada pela Itália na segunda fase do Mundial da Espanha. Até aquela partida, que completou 25 anos neste último dia 5 de julho, a Seleção fazia campanha impecável : Brasil 2 X 1 URSS; Brasil 4 X 1 Escócia; Brasil 4 X 1 Nova Zelândia e Brasil 3 X 1 Argentina, totalizando 13 gols marcados e três sofridos. O meio-campo daquela seleção era revolucionário, pois contava com Cerezo e Falcão jogando mais recuados, com Sócrates e Zico armando as jogadas. No entanto, Cerezo e Falcão foram precursores dos volantes modernos, que marcam, mas que conseguem avançar com muita qualidade. Por isso, a movimentação daquela equipe confundia os adversários e o Brasil encantava na primeira fase da Copa. Mas então, porque aquela Seleção perderia para uma Itália que havia se classificado para a segunda fase na bacia das almas? Muitas teorias são defendidas, como a falta de cautela em dar a opção do contra-ataque para a Azzurra, mas o que melhor pode definir o que ocorreu naquele 5 de julho no Estádio Sarriá em Barcelona, marcado como a "Tragédia do Sarriá", é o artigo escrito pelo psicanalista Tales A.M Ab'Sáber, membro do departamento de psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e professor da Escola da Cidade, para o Caderno Mais da Folha em maio de 2002. Entitulado "82, a seleção recalcada", Tales traça um paralelo muito interessante sobre fatores (psicológicos ou não) que envolveram a Seleção de 1982. Muitos intelectuais daquela época exaltavam a Seleção de Telê, como por exemplo o famoso historiador Eric Hobsbawn, que afirmava categoricamente: "Quem, tendo visto a seleção brasileira em seus dias de glória, negará sua pretensão à condição de arte?"

Talvez a química em vencer aquele jogo não estivesse tão presente naquela partida contra a Itália ou a química de Paolo Rossi estivesse mais intensa, mas o fato é que, mesmo sem triunfar, aquela Seleção tinha um "quê" diferente. Talvez um "quê" que Dunga não vislumbre - e que talvez nem caiba na realidade de hoje - para a Seleção Brasileira.

Mas mesmo a Seleção de 1994, apesar do pragmatismo, tinha uma disposição tática mais pertinente que a dos quatro volantes de Dunga. No time de Parreira, mesmo com os brucutus Mauro Silva e Dunga, Zinho e Raí armavam e fechavam na marcação com eficiência. E mesmo com a saída de Raí do time titular em meio a competição, Parreira liberou Zinho para armar e colocou Mazinho para marcar e atacar. A Seleção de Dunga, pautada na de 94, tenta fazer isso. Mas 45 minutos de jogos na Copa América foram suficientes para Dunga atestar a ineficiência de Diego e Anderson na armação e o técnico incumbiu a Júlio Baptista a função de municiar o ataque. E é onde a tentativa de eficiência torna-se ineficiente. Com um Brasil engessado no meio campo, cabe a Robinho buscar o jogo e se distânciar de Wagner Love, que isolado na frente perde suas características de tabela e de velocidade. À excessão de Robinho - com lampejos de futebol do tempo de Santos - a Seleção torna-se um bando, onde o goleiro e a defesa não inspiram confiança, o meio campo se anula preoupado apenas com a marcação e o ataque depende de Robinho. Não é questão de jogar bonito como em 1982, mas de ser eficiente e coerente como em 1994 ou em 2002.

Nessa Copa América, a Argentina joga com três volantes e consegue cadenciar o jogo. A Venezuela se empolga por jogar em casa e Paraguai e Peru exploram as caracteristicas de seus principais jogadores, fazendo com que a limitação do restante de seus respectivos elencos produza condições para que os mais técnicos possam atuar livremente. O Brasil está restrito a Robinho, uma ilha de talento cercada de volantes ineficientes por todos os lados. E o que Dunga precisa se conscientizar que não pode agir mais como o Capitão da Seleção, onde ele funcionava como o coração da equipe em campo, mas que agora ele é o cérebro pensante, onde todas as suas ações interferem na "coordenação motora" da equipe, que aliás vai muito mal de saúde.

5.7.07

Campeão dentro e fora do tatame

Nos próximos dias 6,7 e 8 de julho será disputado na cidade do Rio de Janeiro o Campeonato Mundial Master e Sênior de Jiu-Jitsu 2007. Ovídio dos Santos Sobrinho(centro), atleta que representa Bauru e o Brasil na competição, busca o seu segundo título mundial e vai embalado para a disputa após a conquista do Campeonato Sul-americano de Jiu-Jitsu na categoria Sênior(até 73 kg) que ocorreu em Jundiaí nos dias 23 e 24 de junho.


Originário do Mato Grosso do Sul, mais precisamente da cidade de Rimas do Rio Pardo, o atleta de 52 anos veio ainda jovem para Bauru onde firmou suas bases tanto nos esporte quanto na carreira profissional. Nos anos 70 e 80 jogou futebol de salão pelo SESI e defendeu o Noroeste no Atletismo durante os Jogos Abertos do Interior, porém foi no Jiu-Jitsu que este poli atleta de idade aparentemente avançada, mas com disposição de iniciante começou a colher os frutos da dedicação e do preparo físico e psicológico.

Técnico do Laboratório de Bioquímica da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP)
, o lutador concilia a paixão pelo esporte e a carreira acadêmica de mais de 25 anos.
Em entrevista para o Opinião FC, Ovídio dos Santos Sobrinho conta um pouco de sua trajetória dentro e fora do tatame.

O Campeão Ovídio divide os treinos e os campeonatos com a profissão de técnico em bioquímica

Opinião FC – Como você descobriu o Jiu-Jitsu?
Ovídio dos Santos - Comecei no esporte em 2000. Eu sofri uma fratura no fêmur esquerdo praticando atletismo e decidi investir em outro esporte. Dentre as modalidades que visualizei, optei pelo Jiu-Jitsu, que é um esporte mais chão e que não exigia muito da perna.

Opinião FC – Como foi à busca por resultados no início da carreira?
Ovídio dos Santos Sobrinho - Nunca tive cobrança forte em cima de resultados. Fui cobrado sim sobre a freqüência e isso fez com que eu criasse uma disciplina que se estende ao trabalho, em casa e na alimentação. Nós que treinamos diariamente na academia nos tornamos uma grande família.

Opinião FC – O que o Jiu-Jitsu trouxe de ensinamentos para você?
Ovídio dos Santos Sobrinho – Eu mudei minha maneira de ver o mundo. Antes eu disputava o atletismo e não parava para pensar em filosofia de vida ou algo mais. Eu saia correndo e não ligava pra mais nada. Eu podia comer de tudo e fazer de tudo. A partir do momento que comecei a praticar o Jiu-Jitsu, passei a me alimentar com comidas mais balanceadas e saudáveis. A filosofia que está por trás da arte marcial ajuda no dia-a-dia e me traz muita concentração no trabalho e em casa.

Opinião FC – Como foi para você a conquista Sul-americano?
Ovídio dos Santos Sobrinho – Eu nunca tinha disputado o Sul-americano. Para mim, a conquista foi uma surpresa e uma experiência a mais na minha vida. Conheci vários atletas de outras confederações além de encontrar pessoas já conhecidas da Confederação Brasileira, e isso é muito bacana. Meu treinador Júnior sempre me dizia que eu estava melhorando a cada dia, mas mesmo assim eu não esperava vencer. Parei meus treinamentos para o Mundial por causa deste Sul-americano e me sentia um pouco “amarrado”, porém meu treinador me disse: ”Confia no seu jogo que vai dar tudo certo!”, e graças a Deus foi o que aconteceu.

Opinião FC – Qual o sentimento de levar o nome de Bauru para o alto do podium?
Ovídio dos Santos Sobrinho – Quando eu chego em campeonato as pessoas não falam: “Olha o Ovídio ali!”, eles falam: "Olha o cara de Bauru!”, e isso é muito gostoso. Quando eu chego em um campeonato, eu visto a camisa de Bauru. Eu sou bauruense apesar de ter nascido no Mato Grosso do Sul. Sou filho adotivo de Bauru.

Opinião FC – Onde o esporte se destaca mais no Brasil?
Ovídio dos Santos Sobrinho – Sem dúvida, o esporte é mais difundido no Rio de Janeiro. Graças à família Gracie, que saiu de Belém do Pará para o Rio, o Jiu-Jitsu cresceu muito por lá e é o local onde se encontram os “bam-bam-bans”, porém Bauru está surgindo e colocando gente no alto do podium junto com eles também.

FICHA

Nome: Ovídio dos Santos Sobrinho
Nascimento: 05/07/1955
Cidade Natal: Ribas do Rio Pardo – MS


Histórico de Conquistas no Jiu-Jitsu


Campeão Mundial Sênior - 2002
Campeão Sul-americano Sênior - 2007
Campeão Brasileiro Sênior – 2005 2006 e 2007.
Campeão Brasileiro no Absoluto – 2007
Campeão Sênior do Interior de São Paulo – 2002
Campeão Estadual Sênior pela Federação Paulista de Jiu-Jitsu – 2002, 2003, 2004.
Campeão do Circuito Paulista de Federação do Estado de São Paulo – 2005
Campeão do Circuito Paulista pela Federação Paulista de Jiu-Jitsu – 2006
Vice Campeão Mundial Sênior – 2003, 2004, 2005 e 2006.
Vice Campeão Brasileiro no Absoluto – 2005 e 2006
Vice Campeão Brasileiro Sênior - 2004
3º lugar no Mundial Absoluto – 2003 2005 e 2006.
3º Lugar no Campeonato Brasileiro Sênior – 2003
3º Lugar no Campeonato Brasileiro Absoluto – 2003 e 2004

4.7.07

Incógnitas nos Gunners

Eduardo é o primeiro reforço do Arsenal nesta temporada. Será ele capaz de suprir o vácuo deixado por Henry?

A saída de Henry para o Barcelona abriu um grande vácuo quanto as perspectivas do Arsenal na próxima temporada européia. O craque francês era mais que um bom jogador, era a alma da equipe de Highbury. Para o seu lugar, veio o "desconhecido" brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva, contratado junto ao Dínamo Zagreb por 7,5 milhões de libras. Mas de onde surgiu Eduardo?

Revelado pelo Nova Kennedy, o carioca Eduardo seguiu para Zagreb com apenas 15 anos, para jogar pelo Dínamo, uma das equipes grandes da Croácia. Ele chegou a voltar ao Rio em 1999 e jogou pelo Bangu por um ano, mas retornou ao país dos Balcãs. Visando mais experiência, o Dínamo o emprestou para a Inter Zaprešić, uma equipe de menor expressão no cenário croata, em 2002. Lá, Eduardo se destacou anotando dez gols e retornou novamente ao Dínamo, onde começaria a se destacar e fazer história. Foi bicampeão da liga croata (Prva HNL) em 2006 e 2007 sendo artilheiro em ambas (20 gols em 29 jogos em 2005/06 e 34 gols em 32 jogos em 2006/07), além de ter sido o jogador do ano na Croácia em 2004 e 2006. Todo o suporte dado nos Balcãs a Eduardo fez com que ele aceitasse se naturalizar e defender a seleção do país, em 2004. Ele estreou pelos vatrenis em novembro de 2004, contra a Irlanda. Mesmo se destacando, marcando muitos gols e defendendo a seleção croata desde o sub-21, Eduardo não foi convocado para a Copa pelo então técnico da Croácia na época, Zlatko Kranjčar. A não-convocação dele gerou muita contestação da imprensa local e a falta de gols na Copa (apenas dois em três jogos) fizeram com que os vatrenis caíssem ainda na primeira fase, perdendo a vaga nas oitavas para os estreantes australianos. Após a Copa, Eduardo voltou a ser figurinha certa nas convocações da seleção nas Eliminatórias da Eurocopa de 2008. Já vestiu a camisa quadriculada 14 vezes e marcou oito gols.

O currículo de Eduardo é bom, mesmo ele tendo se destacado na Croácia, uma liga de menor expressão na Europa. Mas o Arsenal precisa de muito mais. As indefinições na diretoria e na comissão técnica podem desfigurar o Arsenal na briga pela Premier League e pela Liga dos Campeões. As saídas de jogadores-chave sem reposição adequada ao longo dos últimos anos como Vieira, Pires e Henry e a incógnita dos jovens do elenco dos Gunners, como Fabregas, Van Persie, Walcott e Adebayor deixam pairar uma dúvida: Será que o Arsenal terá fôlego para acompanhar os estelares Manchester United e Chelsea?
Perfil

Nome: Eduardo Alves da Silva
Nascimento: 25 de fevereiro de 1983, no Rio de Janeiro
Clubes: Dínamo Zagreb (1998-1999 e 2001-2007), Bangu (1999-2000), Inter Zaprešić (2002-2003) e Arsenal (desde 2007)
Jogos pela seleção: 14 jogos e oito gols
Títulos: 2 ligas croatas, 1 Copa da Croácia e 3 Supercopas croatas
Duas vezes artilheiro da Liga Croata (2006 e 2007) e duas vezes eleito o melhor jogador croata do ano (2004 e 2006)

Abaixo, alguns dos gols do novo camisa nove do Arsenal.

2.7.07

Mais valia

O que é ser bom treinador? É ter a capacidade de formar esquadrões históricos e conquistar vários títulos? É montar boas equipes utilizando jogadores de qualidade discutível? É elaborar um esquema tático que favoreça os pontos fortes de seus atletas?
Afinal, o que faz a imprensa julgar um treinador como bom ou ruim? Experiência? Trabalhos bem-sucedidos? Títulos? Sinceramente, não sei. Não sei também, porque praticamente 80% da imprensa considera o mediano Paulo César Lopes de Gusmão, o popular PC Gusmão, um bom técnico. Isso, realmente eu não sei...
Após encerrar sua carreira como jogador, PC Gusmão tornou-se preparador de goleiros. A convite de Wanderley Luxemburgo virou seu auxiliar-técnico em meados de 2000. Depois disso, no Vasco, mesmo sem a experiência de ter dirigido um clube anterior, PC fora efetivado como treinador da equipe.
A partir daí, sua carreira deslanchou. PC Gusmão passou por Palmeiras, Cruzeiro (duas vezes), Botafogo, Flamengo, Cabofriense, Fluminense, São Caetano. Com exceção feita as campanhas realizadas no Cruzeiro (pela primeira vez) e no Botafogo, PC nunca realizou um excepcional trabalho.
Mesmo assim, a imprensa trata o técnico como se fosse um dos melhores do país. Ganhou fama de ser um grande estrategista, inteligente, enfim, virou o exemplo de técnico-revelação no país.
Na verdade, as coisas que mais chamam minha atenção em PC Gusmão são a sua língua afiada e sua prepotência. Brigas com dirigentes, desentendimento com atletas e declarações ofensivas são comuns em sua carreira. Além de tudo, PC tem o péssimo hábito de querer controlar a equipe como um manager, a exemplo do que faz seu mestre, Luxa. Certamente, falta cacife para isso.
A campanha do ex-treinador do Náutico no Brasileirão deste ano, mostra isso. Após oito jogos, o alvirrubro de Recife acumula apenas 5 pontos. Nesse trajeto, cinco derrotas, dois empates e apenas uma vitória. Como se isso já nao bastasse, o Náutico vive um verdadeiro caos. A cada semana que passa, mais atletas são contratados, para suprir a demanda que é dispensada. E que esta última demissão de Gusmão sirva como um momento de auto-reflexão. Será que esta não é a hora de deixar a arrogância de lado e começar tudo de novo. Por que, convenhamos, apesar das minhas críticas, acredito que PC tem potencial para realizar melhores campanhas.