30.11.09

Lua de mel em Stamford Bridge

Líder da Premier League cinco pontos à frente do tricampeão Manchester United, classificado antecipadamente à fase mata-mata da Champions League com o primeiro lugar do Grupo D garantido. Em 22 jogos oficiais, apenas duas derrotas, um empate e 19 vitórias, construídas através de 52 gols marcados e apenas 12 sofridos. Esse é o avassalador Chelsea comandado pelo italiano Carlo Ancelotti, que apesar de sua passagem vitoriosa no Milan, saiu desgastado da Itália principalmente pelas últimas duas temporadas, onde a equipe rossoneri fez campanhas aquém de seu histórico tanto na Itália, quanto na Europa.

Porém, o Chelsea de Ancelotti não joga um futebol bonito como o do Barcelona, nem tem uma constelação à sua disposição como o Real Madrid. A base da equipe é a mesma que, nas últimas temporadas, bate na trave na disputa continental e que tenta deter a hegemonia nacional dos Red Devils. Ao chegar à Stamford Bridge em junho, os Blues não fizeram nenhuma contratação bombástica. Contudo, os jogadores que Ancelotti têm a disposição se encaixam com perfeição à proposta de jogo do treinador italiano: um time compacto, que primeiro defende para depois atacar em bloco, vindo de trás, coisa que ele não conseguiu implantar em seus últimos anos de Milan, dada a alta faixa etária de sua equipe, que dificultava esse tipo de esquema.

No Chelsea, o técnico achou uma zaga segura e entrosada – Terry e Carvalho, com boas opções de banco como Alex e Ivanovic – um lateral agudo (Cole), meio campistas que, se não são brilhantes, sabem se utilizar da posse de bola para alimentar o forte ataque dos Blues, composto por Anelka e Drogba, com este último, reencontrando o futebol que o consagrou antes das contusões e trocas de técnico. O bom momento do camisa 11 é visível com a liderança na artilharia da liga nacional, com 11 gols - ao lado de Defoe, do Tottenham. Ainda na Premier League, a equipe abre confortável vantagem de cinco pontos sobre o Manchester United com méritos. Nesta primeira parte da liga, venceu a todos seus concorrentes diretos – Liverpool (2-0), Man. United (1-0) e Arsenal (3-0) – com propriedade. No dérbi londrino do último domingo contra o Arsenal em pleno Emirates Stadium, a equipe foi bem postada por Ancelotti e segurou o ímpeto do jovem elenco comandado por Arsène Wenger, que apesar de jogar bem e bonito, peca pela instabilidade. Principalmente nos clássicos. Com Drogba jogando o fino da bola, o Arsenal foi imobilizado em casa.

Ancelotti e Chelsea parecem feitos um para o outro nesse momento. "Meu objetivo é permanecer no cargo por bastante tempo. Tudo que posso fazer é manter o clube feliz com meu trabalho, ou seja, mantê-lo no topo da Premier League e ir bem na Liga dos Campeões. Conseguindo isso, meu emprego está garantido por mais tempo", declarou, inspirado na longevidade de ícones ingleses no banco de reservas como Ferguson, Wenger e até mesmo com o recente sucesso de Rafa Benítez, que atualmente está na berlinda em Anfield Road.

A prova de fogo para o Chelsea - e o futebol inglês em geral - é a Copa Africana de Nações, que acontece no início de 2010, em Angola. Os Blues devem perder duas peças importantes em seu elenco – Drogba e Essien – além do atacante reserva Kalou. Ainda assim e transbordando confiança, o italiano disse que o Chelsea não precisará se reforçar em janeiro, salvo em caso de contusão no elenco. Tal declaração mostra a confiança e o bom momento que ele atravessa em seu início de trabalho, algo que passava longe do desesperado e pragmático time do Milan, dependente excessivamente do brilho de Kaká. Ancelotti tem Drogba brilhando na linha de frente, mas o marfinense está muito bem assessorado por Lampard, Essien, Terry, Cech. E neste momento, sobra na Inglaterra.

28.11.09

Imagem da semana - "Reação Despedaçada"

Mendez explode de alegria a torcida, o técnico, e o gandula "assistente" no massacre da LDU sobre o Fluminense - Kevin Granja/ Reuters

26.11.09

Carta ao senhor presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo


Caro Professor,

O senhor passou dos limites. A cada nova atitude mostra-se comum, igual aos demais que nos acostumamos a ver ao longo destes tantos anos de futebol. Seu passado, construído a duras penas, a base de balas, sangue e muito suor, parece que não lhe deu respaldo para se diferenciar dessa corja de presidentes torcedores. Cartolas que são incapazes de pensar duas vezes ao incitar fanáticos, doentes, que agem em muitas oportunidades como se não tivessem cérebro.

Lamentável ver que o senhor se igualou a esses dirigentes. Porém, não sejamos hipócritas. Óbvio que o verbo “matar”, esbravejado por sua pessoa na quadra da Mancha, talvez não signifique chegar as vias de fato. Mas acredite que para alguns, as suas palavras soaram como hino, como atestado de imensas barbaridades que já cometeram ao longo de suas vidas à frente de suas “organizadas”. A maioria dos que lá estava foi ao delírio ao ouvir suas palavras. Pessoas que – um amigo costuma dizer que essa gente tem a seguinte profissão: torcedor organizado, pois tem tempo de sobra para arquitetar atitudes impensadas – agem impunemente e que acabam virando massa de manobra na mão de diretorias corruptas, desorganizadas e despreparadas. Não estou dizendo que é o caso da sua administração.

Não é necessário afirmar aqui que o senhor tem o direito de dizer o que quiser, quando quiser e na hora que quiser. Graças ao senhor e muitos outros honrados “homens” hoje podemos nos manifestar da forma que quisermos. Minha geração tem essa dívida com a tua. Mas o senhor há de convir que suas palavras são, no mínimo, imprudentes... isso para sermos brandos, vai. Convenhamos que no auge da sua empolgação o senhor exagerou... perdeu a mão, como muito se diz por aí. Sua posição de presidente de um dos clubes mais vitoriosos da história do futebol brasileiro não permite que se comporte como se fosse um fanático torcedor de arquibancada. Dessa forma, além de encher sua oposição de argumentos (infelizmente, argumentos válidos), está contribuindo para depreciar a instituição que aprendeu a amar, respeitar, torcer, vibrar, sofrer...enfim. O senhor não é mais aquele torcedor que se sentava à frente da TV ou nas arquibancadas do Palestra. Aliás, é também, mas principalmente hoje é muito mais que isso. Sua figura é a pessoa jurídica do clube, podemos assim dizer. Alguém que responde pelo desatino dos atletas em campo, pela gorda e extensa folha de pagamentos, pelas escolhas certas e erradas ao longo das competições e do ano. É impressionante como parece que o senhor não percebeu tudo isso.

Apenas para citar e concluir, as declarações pós derrota sobre o Fluminense também demonstraram um certo desequilíbrio, convenhamos! Na ocasião, o senhor pareceu um descontrolado, alguém prejudicado que não mostrava forças para reagir e só restava esbravejar, chutar o balde e atirar tudo no ventilador. Não olhou para trás e notou as imperfeições do seu time, dos seus atletas. Comportou-se como torcedor opinando em sites de relacionamentos da internet. Foi puro coração e esqueceu de apontar os defeitos de um elenco que em nove partidas conquistou apenas uma vitória. Preferiu tampar o sol com a peneira e culpar única e exclusivamentem o árbitro, que ao contrário do senhor possui um passado pouco abonado. Preferiu fechar os olhos, pelo menos publicamente, diante da degringolada geral que o time dava a cada jogo, e culpar o juiz, o gramado, o céu, a chuva... enfim.

Aonde tudo isso vai parar? Já não consigo dimensionar. O único fato que me ocorre é que sua administração vem sofrendo rasteiras... o pior é que são rasteiras de si próprio! Triste, muito triste professor Belluzzo, pois apostei todas as minhas fichas no senhor (não que isso importe muito, mas enfim). Espero não ter jogado todas ralo abaixo... quem sabe ainda não consigo recuperar algumas que já perdi?

25.11.09

Aula de futebol

Piqué comemora o primeiro gol da noite

O título acima descreve com simplicidade o que aconteceu na vitória do Barcelona frente à Inter de Milão no estádio Camp Nou, ontem, por 2 a 0. Mesmo sem a presença de dois dos melhores jogadores do mundo por causa de lesão, o argentino Messi e o sueco Ibrahimovic, o Barça atropelou a tetracampeã italiana, que não conseguiu ver a cor da bola.

O esquema de jogo da equipe espanhola simplesmente não deixa o adversário jogar. Com passes rápidos, de pé em pé, além de contar com a presença de craques como os meias Xavi e Iniesta – o primeiro, aliás, poderia muito bem dividir o prêmio de melhor do mundo com o colega camisa 10, o time catalão envolve seus oponentes de uma forma avassaladora. A primeira vez que os interistas trocaram 5 passes seguidos foi aos 25 minutos de segundo tempo.

O que espanta é que a Inter, mesmo passeando a anos na terra da bota, não conseguiu nem ameaçar a meta do goleiro Valdez. Além de não montar um esquema para enfrentar os donos da casa, Mourinho demorou a mexer, e ainda sim as suas mudanças não surtiram muito efeito. Pouco para o badalado treinador, contratado justamente para acabar com o jejum nerazurri.

O Barcelona mostra que é possível jogar bonito e vencer. Sei que esse discurso é batido e já cansou, mas ainda sim acho que vale a pena ressaltar. Não é preciso ser truculento, apostar na força e correria para vencer. Muitos dizem que o campeonato italiano é mais difícil que o espanhol: no duelo entre os campeões, pelo menos, fica difícil de concordar. O Barça mostra também que não é necessário gastar milhões para ter uma grande equipe. Dos 14 jogadores utilizados ontem, nada menos que 9 são pratas da casa. Melhor exemplo não há. E dá gosto de ver...
Dupla de craques: cérebros de uma equipe que encanta

23.11.09

A continuidade é o caminho

Em meio a especulações naturais em reta final de temporada, o técnico Adilson Batista e o Cruzeiro chegaram a mais um acordo, renovando o vínculo do treinador por mais uma temporada. Bola dentro do Cruzeiro, de excelente temporada e que pode ser coroada com a vaga da Libertadores 2010, já que no primeiro turno, a Raposa teve que “deixar de lado” o Brasileirão, por conta da reta final do torneio continental. Por conta disso, a equipe celeste chegou até a flertar com a zona de rebaixamento em algumas rodadas do primeiro turno.

Claro que Adilson não chega a ser uma unanimidade na Toca da Raposa - externado nos diversos atritos que ocorreram entre ele e imprensa mineira -, mas há de se reconhecer que seu trabalho foi bom com o Cruzeiro. Ao assumir o comando da equipe, em janeiro de 2008, conseguiu chegar a hegemonia mineira ao conquistar o bicampeonato estadual. Fez ótima campanha na Libertadores 2009, da qual acabou vice-campeão. Mesmo perdendo o título diante de um organizado e aguerrido Estudiantes em pleno Mineirão, não dá pra negar o quão difícil foi a campanha da equipe, que deixou grandes como São Paulo e Grêmio pelo caminho. Após o baque da perda da Libertadores, conseguiu boa recuperação, evidenciada no desempenho do time no segundo turno, onde até a 36ª rodada havia somado a segunda melhor campanha (34 pontos, ao lado do Flamengo) com o melhor ataque – 33 gols em 17 partidas. Tem chances reais de voltar a competição sul-americana em 2010, já que está três pontos atrás de Palmeiras e Inter, que fecham o G-4.

Um dos méritos de Adilson Batista ao longo desses quase dois anos de trabalho à frente do Cruzeiro ocorreu na mesclagem entre pratas da casa com bons jogadores indicados por ele. Ao mesmo tempo em que jogadores da base como Wagner, Guilherme, Diego Renan e Jonathan ganhavam espaço na equipe, ele conseguiu encaixar em seu esquema de jogo jogadores experientes como Gilberto, Fabrício, Leonardo Silva e Kleber. A boa fórmula, além de títulos, dá ao treinador a boa marca de 131 partida no comando do Cruzeiro, com 78 vitórias, 25 empates e 31 derrotas. Além do bicampeonato mineiro e do vice continental, ele já tem a marca de treinador que mais conquistou vitórias pela Raposa na história da Libertadores, com 14, superando Zezé Moreira, que na campanha vitoriosa de 1976, somou 11 triunfos.

Sondado por diversas equipes, as duas partes fizeram bem em manter o vínculo. Adílson – que antes de chegar ao Cruzeiro, tinha feito bom trabalho no Figueirense - faz parte da nova safra de técnicos que já é realidade no cenário nacional, assim como Vagner Mancini e Silas, que parecem trilhar pelo mesmo caminho do cruzeirense.

21.11.09

Surpreendendo a bilheteria

“66 foi um grande ano para o futebol inglês. Eric nasceu”. A frase, extraída de uma propaganda da Nike, mostra o quão idolatrado foi Eric Cantona durante os anos que defendeu a camisa do Manchester United. Utilizando essa idolatria como pano de fundo, À procura de Eric (Looking for Eric) enriquece um enredo que parece “água com açúcar”, mas que nem por isso deixa de ser um filme agradável e engraçado de se assistir.

Ao ver o filme em cartaz, imaginei ver a história mais centrada nas peripécias de Cantona (que interpreta a si mesmo) em seus tempos de jogador genial, amado e polêmico. Contudo, o francês funciona como um verdadeiro terapeuta de Eric Bishop (Steve Erets), um carteiro fanático pelo Manchester United e por King Eric, mas que atravessa diversos problemas pessoais desde que abandonou a esposa Lily (Stephany Bishop) com uma filha pequena, por contra de crises de pânico causadas pela responsabilidade de ser pai. Abandonado pela segunda esposa, que lhe deixou dois enteados adolescentes e problemáticos para cuidar, Bishop não é sombra do vigoroso jovem que adorava dançar na juventude. Deprimido, sua única alegria é ver os jogos dos Red Devils, principalmente à época de Cantona (1992-1997), que marcou 82 gols em 185 jogos e foi o primeiro capitão da história do Manchester que não era britânico ou irlandês.

Depois de quase se matar em um acidente, Bishop começa a ter visões de seu ídolo, antes representado por um grande quadro em seu quarto, repleto de fotos do Manchester United. A trama se desenvolve a partir das “conversas” com o francês. Além do enredo em si – que particularmente, achei divertida – o filme traz vários golaços de Eric e aborda algumas particularidades do Manchester United, como a dissidência de alguns torcedores a partir da compra da maioria das ações do clube pelo americano Malcolm Glazer. Fundado em 2005, o FC United of Manchester é uma equipe semi profissional e que atualmente está na sexta divisão do futebol inglês. Foi fundado pelos insatisfeitos com a chegada de Glazer, conhecidos como Red Rebels. A famosa “voadora” de Cantona no torcedor do Crystal Palace em janeiro de 1995, foi lembrada com humor. “Aquele idiota teve o que merecia”, diz Bishop, em um dos diálogos com seu ídolo.

Além de particularidades do universo mancuniano e da carreira de Eric, a atuação como coadjuvante do francês foi um ponto positivo e surpreendente do filme. Cheio de frases de efeito e com a marra que lhe é característica, Cantona mistura conselhos e alguns de seus causos para ajudar Bishop. “Preciso me surpreender para poder surpreender a torcida”, afirma Cantona, tentando fazer com que o carteiro aplique tal máxima para superar suas adversidades assim como o francês surpreendia os adversários. Uma boa estória, salpicada de gols e da idolatria ao francês de Marselha, que certamente faz parte do rol dos grandes jogadores do United como Dennis Law, George Best, Bobby Charlton e Ryan Giggs.

18.11.09

Gol contra


Em meio a discussões de arbitragem, mala branca, influência do "time grande" frente aos pequenos, em fazer uma Copa do Mundo grandiosa e que não onere o dinheiro público, a maioria dos torcedores brasileiros só querem uma coisa: que as coisas sejam resolvidas dentro de campo, como deve ser. Ao fazer a série de acusações e ofensas que o levaram a uma "singela" suspensão de nove meses, o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, mostrou sua faceta em comum com a esmagadora maioria dos dirigentes brasileiros, de passionalidade exacerbada e sem a razão necessária para se comandar um clube de massa como o Palmeiras.

Posto os vários problemas que acometem o futebol brasileiro, a imprensa esportiva está aí para denunciar e ajudar a fiscalizar as mazelas do futebol (esporte) tupiniquim. Alguns poucos, com racionalidade e escrúpulos. Outros com estardalhaço e denuncismo. Mas não é essa questão que quero abordar aqui. Ao ver a capa do Lance! desta quarta-feira, 18 de novembro, fiquei surpreso - mesmo se tratando do tablóide em questão - ao ver a chamada de capa do Corinthians: "A Fiel pede pra entregar", relativa ao jogo do Corinthians contra o Flamengo na penúltima rodada - o Timão encara o Náutico neste sábado, pela 36ª rodada. Não é preciso nem explicar que o Flamengo está na briga pelo título nacional ao lado de São Paulo e Palmeiras, rivais alvinegros.

Mas ao ventilar tal possibilidade e sem nenhum tom de denuncismo, o Lance! marca gol contra. "A Fiel"? Toda ela clama por entregar o jogo? Além de não haver nenhum tipo de movimento claro entre os torcedores para tal marmelada, um jornal não deveria "incentivar" tal possibilidade. As vezes, os diretores do jornalão esportivo esquecem que eles lidam com leitores movidos pela paixão, com tal declaração servindo de faísca para uma reação que de boa, não teria nada. Mala branca existe, desonestidade no futebol também. Contudo, é lamentável ver um jornal do alcance e importância do Lance! dando outra escorregada, como vem sendo praxe nos últimos tempos. Uma pena, já que comecei a me interessar por jornalismo esportivo quando o Lance! foi concebido, ao final da década de 90. A busca obsessiva por vendas a qualquer custo empobreceu demais a publicação, que por vezes, fica parecendo a reprodução de papos de boteco com os amigos.

17.11.09

Fogo no Brasileirão

Botafogo X São Paulo: "decisão" no Engenhão

Os olhos e ouvidos de todos certamente estão atentos à ascensão do São Paulo na liderança ou na surpreendente recuperação do Fluminense, que parecia morto. Na zona da Libertadores, Inter, Atlético, Cruzeiro e até o Avaí estão de olho em uma eventual última vaga. Tudo isso faltando três rodadas para o fim do Brasileirão. Contudo, há um time que vai atuar nessas três frentes em suas partidas derradeiras neste certame: o Botafogo, 41 pontos, apenas dois pontos acima da zona de rebaixamento (ver tabela do Brasileirão à direita).

A acachapante derrota do Botafogo por 3-0 na Arena Barueri deu ares de dramaticidade à equipe comandada por Estevam Soares para o restante do campeonato. O Fogão vai encarar o empolgado São Paulo no Engenhão, o (ainda) ameaçado Atlético/PR no caldeirão da Arena da Baixada e um cambaleante Palmeiras na última rodada – na qual poderá estar brigando pelo título ou por uma vaga definitiva na Libertadores – em casa. Trocando em miúdos: os jogos contra o Botafogo definirão, ao menos, alguma destas arestas soltas no Brasileirão.

Um empate ou derrota do Tricolor Paulista no Rio de Janeiro pode colocar o Flamengo na liderança, caso vença o Goiás no Maracanã. Uma eventual vitória da Palmeiras no Olímpico - no jogo que abre a rodada - pode embolar a liderança, já que o time de Muricy Ramalho ficaria apenas um ponto atrás dos líderes. Na rodada seguinte, a 37ª, o Atlético/PR (atualmente com 43 pontos, quatro acima do Z-4) pode estar jogando sua permanência na Série A, que tem o próprio Botafogo e o Fluminense brigando desesperadamente para escapar da degola. Na última rodada, certamente o Palmeiras estará na briga por algo e pode pegar um Botafogo descompromissado e salvo ou desesperado pela real possibilidade de um retorno à Série B, da qual já teve o desprazer em participar em 2003. Por isso, direta ou indiretamente, todos estarão de olho no Botafogo de Juninho, Lúcio Flávio e André Lima.

15.11.09

Favoritos em campo

Enquanto seleções tradicionais em Copas do Mundo penaram para vencer suas partidas pelo placar mínimo na repescagem das Eliminatórias – caso de França e Uruguai – dois clássicos do futebol mundial aconteceram neste sábado. Neles, estavam as três seleções que considero como as maiores candidatas a erguer a taça desta próxima Copa: Brasil, Espanha e Inglaterra, nesta ordem. Em meio a testes e desfalques, Brasil e Inglaterra fizeram um jogo movimentado, em que a seleção canarinho acabou com vantagem diante dos ingleses, que estavam sem diversos jogadores-chave como as consagradas duplas Ferdinand-Terry e Gerrard-Lampard, espinha dorsal da equipe de Fabio Capello. Aliás, o italiano assumiu um English Team abatido pela não-classificação à fase final da Eurocopa 2008 e conseguiu padronizar e compactar a equipe, que garantiu sua vaga na África do Sul sem maiores problemas. Os maiores problemas, que possui inúmeras opções na defesa e no meio campo, são a falta de um goleiro confiável e um parceiro regular para Rooney no ataque.

Já o Brasil, do outrora contestado Dunga, deixou mais uma seleção tradicional pelo caminho, a exemplo do que já havia feito com Argentina, Uruguai, Itália e agora, a Inglaterra. Mesmo não apresentando um futebol brilhante, a Seleção foi eficiente e em certos instantes do jogo, até acuou uma desentrosada Inglaterra. Michel Bastos se mostrou uma opção interessante na ala esquerda, enquanto Nilmar marcou seu quinto gol nos últimos quatro jogos. O rápido e arisco jogador do Villarreal joga futebol de titular, mas ao que tudo indica, Dunga não abrirá mão de Robinho quando este estiver recuperado de contusão. No entanto, acho que é nítido que o melhor parceiro de ataque para Luís Fabiano neste momento é Nilmar. Um banco cairia bem ao jogador do Manchester City, que não joga futebol há um bom tempo.

A Espanha, por vezes, mostra um futebol mais plástico que o Brasil. Tem bons jogadores em quase todas as posições. No amistoso contra a Argentina, disputado no Estádio Vicente Calderón, em Madri, a Espanha impôs seu melhor momento e seu maior volume de jogo. Na análise do periódico El País, “com seu estilo inegociável, o conjunto de [Vicente] Del Bosque superou uma confusa e pálida Argentina”. O magro 2-1 não refletiu o domínio espanhol frente a albiceleste que tentava impor na raça as deficiências técnicas da equipe comandadas por Maradona, principalmente na defesa e na armação de jogadas ao seu poderoso ataque. Com 61% de posse de bola e sete chutes ao gol – contra apenas um da Argentina – a Fúria faz mais uma vítima. Mesmo como atual campeã européia, ainda paira sobre os espanhóis a fama de “amarelar” nas competições – a derrota para os estadunidenses na Copa das Confederações reacendeu a discussão. Ainda assim, é imprudente ignorar uma equipe que, na média, vem atuando bem há pelo menos dois anos.

Na opinião de Capello, que já havia enfrentado e perdido para a Espanha em fevereiro de 2009 por 2-0, o Brasil é uma seleção mais equilibrada: "É a primeira vez que enfrentamos uma equipe tão forte fisicamente, tão rápida e tecnicamente tão boa. O estilo é muito diferente do da Espanha. A Espanha é realmente boa tecnicamente, passam muito bem a bola, mas não são tão fortes e não defende tão bem", declarou após a derrota ante o Brasil.

Claro que é imprudente ignorar Argentina, Itália, Alemanha e até mesmo a Holanda, de bom time mas muito pouco badalada. A Copa do Mundo mostrou que por vezes, só o peso da camisa tem grande participação em conquistas. Contudo, se tivesse que apostar em favoritos atualmente, não titubearia em escolher Brasil, Espanha e Inglaterra.

12.11.09

Apagão no Brasileirão?

Se o campeonato está disputadíssimo em campo, porque não estragá-lo fora dele? A brilhante hipótese só poderia ser atestada por uma entidade com vasta experiência no assunto: o STJD. Alguns podem achar que a idéia não passa de um boato para acalmar os ânimos pernambucanos. Mas uma simples interpretação das palavras de Paulo Schmitt, procurador geral do órgão, deixa claro que a possibilidade existe.

"Vai depender do que o prejudicado vai apresentar como provas. Não há o pedido do Sport ainda. Compete ao clube prejudicado entrar com pedido de impugnação do jogo. Ele tem de juntar as provas e anexá-las para entrar com pedido de anulação de resultado. Pode entrar com uma imagem de TV, a prova que tiver. E quem julgar vai avaliar se há ou não erro de direito", disse o procurador.

Virada de mesa?

A entrevista divulgada pela Rede Globo evidencia a brecha deixada pela justiça desportiva. É óbvio que a diretoria do clube pernambucano vai aproveitar. Aliás, os nordestinos têm toda razão de estarem furiosos. Há tempos não se via uma lambança como essa. Só que pedir o cancelamento da partida é algo, no mínimo, questionável. Se cada time fizer isso quando for prejudicado, acaba o campeonato...

E como desgraça pouca é bobagem, a falha acontece na mesma semana que em que o árbitro de maior nome no Brasil, Carlos Eugênio Simon, foi afastado por causa da falha grotesca na partida entre Palmeiras e Fluminense.

O fato é que nós, meros espectadores, vamos depender da “turva” idoneidade do STJD. O fantasma de Luiz Zveiter assombra nossos gramados novamente. Cerveja e pipoca para assistir às últimas partidas? Esqueça! Peça uma pizza. Sabor tapetão!

11.11.09

Não há dinheiro que pague

Festa do Alcorcón em pleno Bernabéu: Os amarillos nunca haviam jogado contra equipes da elite espanhola.

O sonho galáctico de conquistar o tripleteChampions League, La Liga e Copa do Rei, como fez o Barcelona em 2008/09 – foi por água abaixo precocemente. O Real Madrid, que investiu cerca de 260 milhões de euros apenas em reforços para esta temporada, foi eliminado pelo modesto Alcorcón na primeira rodada da fase final da Copa do Rei. A equipe que também é da região de Madrid, atualmente está na terceira divisão. Aliás, em toda sua breve história de pouco mais de 38 anos, o Álcor jamais passou dessa divisão e era debutante em partidas contra equipes de primeira divisão. A goleada sofrida na partida de ida por 4-0 – com dois gols de Borja, formado nas canteras do próprio Real – não foi revertida, mesmo com a grande maioria de seus badalados jogadores em campo na partida de volta, diante de um incrédulo Santiago Bernabéu com 79.500 espectadores, um completo contraste com os sete mil espectadores que também lotaram o acanhado Estádio Santo Domingo na primeira partida, em 27 de outubro.

Mesmo ante um Real Madrid com três atacantes – Van Nistelrooy, Higuaín e Raúl – a solidez defensiva de Iñigo Lopez e Borja Gomes foi ponto de destaque, principalmente diante da forte jogada aérea dos merengues. E o enginero Pellegrini não parece ter sido ousado o suficiente para postar uma equipe mais ofensiva, de modo que pudesse alimentar o ataque com mais qualidade. O técnico chileno praticamente engessou os laterais, já que entrou com Arbeloa na esquerda e improvisou Lass Diarra na direita. Kaká era o único meia criativo, com os brucutus Gago e Mahamadou Diarra postados atrás do camisa oito. Quando entraram Marcelo e Van der Vaart, na segunda etapa, o Alcorcón se firmava atrás, ganhando moral com cada destruição das investidas do Real, apático e sem inspiração em campo. Nem o gol tardio de Van der Vaart, aos 37 do segundo tempo, manchou o partidaço que o Alcorcón fez, diante de todas as suas limitações técnicas.

Para o Real Madrid, a eliminação em si da Copa do Rei não seria nenhuma desgraça. Mas diante das más atuações dos últimos jogos e da dificuldade em encaixar um estilo de jogo ao time, Pellegrini começa a ser fortemente cobrado, até por conta da legião de estrelas que tem nas mãos. E involuntariamente, a equipe se tornou um pouco dependente de Cristiano Ronaldo, contundido há algum tempo.

A “maldição da Copa do Rei” persegue o Real Madrid desde 1993, ano de sua última conquista no torneio. Dentre os vexames, eliminações precoces para o Toledo, em 2001 e para a equipe basca do Real Unión de Irún, ano passado. Já o modesto Alcorcón, deve fazer sua festa, naquele que certamente é o maior feito de sua história. Novamente, o futebol anula disparidades econômicas e técnicas abismais. E não há dinheiro que possa pagar tal fato.

8.11.09

Caminho da dignidade

Grande público no Maracanã celebrou o acesso do Vasco: outro grande que volta à elite do futebol brasileiro de cabeça erguida.

Em grande estilo, o Vasco carimbou seu retorno à elite do futebol brasileiro com quatro rodadas de antecedência, ao vencer o Juventude por 2-1, testemunhado por 78.609 espectadores, o maior público de 2009. A grande festa do torcedor - que apoiou a equipe desde o início - em nada lembrava o clima melancólico de São Januário em 7 de dezembro de 2008, data da fatídica derrota para o Vitória por 2-0 e confirmação do rebaixamento vascaíno. Contudo, a exemplo do que já fizeram tradicionais clubes campeões brasileiros que enfrentaram o calário da segunda divisão como Palmeiras, Botafogo, Grêmio, Atlético/MG, Coritiba e Corinthians, a equipe cruzmaltina voltou ao lugar que pertence pelo caminho mais digno e honroso possível.

Equipe com maior número de rodadas na liderança (16), o Vasco não teve vida fácil na Série B, contrastando com o domínio do Corinthians em 2008. Tanto é que a equipe comandada com maestria pelo técnico Dorival Júnior começou a embalar rumo à Série A apenas na metade do primeiro turno, chegando a ficar seis jogos sem vencer até então. Ainda assim, a equipe embalou e fez valer seu time com maior nível técnico, além de fazer prevalecer o peso de sua camisa. Com sete pontos de vantagem sobre o vice-líder Ceará, deve sair campeão do torneio sem maiores problemas e com todos os méritos.

Além de voltar pela porta da frente, parece que a queda vascaína finalmente fez a torcida entender que o grande culpado por tal momento do Vasco foi Eurico Miranda, com seus mandos e desmandos. Ponto para o ídolo do passado e presidente Roberto Dinamite, que soube montar a equipe de acordo com a realidade do clube, sem fazer grandes loucuras. A aposta em Dorival foi primordial, já que o técnico manteve a calma mesmo com as eliminações no Campeonato Carioca e na Copa do Brasil. A equipe tinha bons talentos individuais, mas não era consistente o suficiente àquela época. Além de alçar Carlos Alberto à condição de líder da equipe, soube inserir alguns garotos gradualmente no time, como Alex Teixeira, Philippe Coutinho e Robinho, por exemplo, mesclando-os a jogadores mais tarimbados, como o próprio Carlos ALberto, Fernando Prass e Fernando.

O torcedor deve ter claro que esse time não está pronto para chegar às cabeças em 2010. Mas que tem uma boa base formada para contratar reforços e assim, levar o Vasco de volta às grandes conquistas, como é de praxe na história do Gigante da Colina. E o primeiro passo para continuar no caminho certo é a renovação de contrato de Dorival, valorizadíssimo no mercado.

Peças-chave para o acesso:

Fernando Prass – Na reserva quando chegou, o goleiro começou a se firmar ainda na Copa do Brasil, onde o Vasco fez ótima campanha, parando nas semifinais. Sereno e tecnicamente seguro, passou tranqüilidade à zaga vascaína, a melhor do torneio até aqui.

Carlos Alberto – É fato que o camisa 19 ainda tem resquícios de sua personalidade de garoto-problema. No entanto, não se acovardou em liderar a equipe, vendo o seu futebol crescer no momento primordial dessa Série B. O capitão é o vice-artilheiro da equipe na competição, com nove gols.

Élton – O atacante de 24 anos cresceu muito de produção desde sua chegada à São Januário, no início do ano. É técnico, tem faro de gol e sabe utilizar o corpo para fazer bem o pivô no comando de ataque. Seus 15 gols fazem com que ele dispute a artilharia do torneio, mesmo atravessando alguns momentos de jejum durante a Série B.

Dorival Júnior – Assim como fez Mano Menezes, topou o desafio de comandar um grande na Série B mesmo com mercado para ficar em um grande clube da primeira divisão, com toda a pressão e ônus que tal desafio poderia fazer caso não obtivesse sucesso. Sua calma para encaixar o caminhão de reforços que o Vasco trouxe em 2009 mostrou-se eficiente, principalmente após a metade do certame. Sua habilidade em não “queimar” os jovens talentos também é outro ponto altamente positivo.

Roberto Dinamite – Ídolo em campo, Dinamite mostrou habilidade também fora dele, como cartola mor do Vasco. Varreu a sombra de Eurico do clube e fez um planejamento sério, que foi a grande pedra fundamental para o retorno do Vasco à elite.

6.11.09

Igualdade ibérica (e européia)

Futuros galácticos custarão ainda mais caro aos cofres do Real Madrid com o fim da regalia tributária para jogadores estrangeiros na Espanha.

A montagem de uma nova leva galáctica ao Real Madrid no futuro está comprometida – ou ao menos, se tornará mais custosa -, já que nesta semana, a Câmara baixa espanhola (algo semelhante a Câmara dos Deputados brasileira) aprovou projeto de lei que aumenta a tributação de 24% para 43% aos estrangeiros que trabalham na Espanha e tem ganhos superiores a 600 mil euros por ano. Concebida inicialmente para atrair a chegada de investidores internacionais para a Espanha, a lei caiu como uma luva aos badalados e bem pagos jogadores de futebol. Por conta isso, a lei de isenção foi batizada como “Lei Beckham”, já que entrou em vigor em 2004, temporada em que o inglês chegou a peso de ouro ao Real Madrid.

Nem é preciso dizer que como tudo que atinge diretamente o bolso das pessoas, o anúncio causou polêmica e divisão no futebol espanhol: de um lado, os futebolistas espanhóis – principalmente entre médios e pequenos – que acham justa a uniformidade da mordida do Leão a todos os atletas. De outro, os astros do futebol espanhol, presidentes dos clubes da elite espanhola, além do presidente da Liga de Fútbol Profesional (LFP), José Luis Astiazarán, que organiza os principais torneios do país. À sombra da discussão, times ingleses, italianos e alemães – citando apenas as ligas mais fortes – comemoram o fim da Lei Beckham, já que adotam leis semelhantes de tributação igualitária com taxas próximas aos 43% da Espanha sobre os impostos e agora poderão competir em igualdade com os exorbitantes salários espanhóis em busca dos craques.

Na prática, a lei entraria em vigor apenas em 1º de janeiro de 2010, valendo apenas para os jogadores contratados a partir desta data. Atualmente, 67 jogadores da primeira divisão ultrapassam o teto da lei. Real Madrid com 13 jogadores – Cristiano Ronaldo, Kaká, Benzema, Van der Vaart, Van Nistelrooy, Pepe, Diarra, Dudek, Metzelder, Gago, Higuaín, Drenthe, Lassana Diarra e Marcelo – e Barcelona, com sete - Ibrahimovic, Henry, Keita, Touré, Chygrynskiy, Maxwell e Abidal (Alves não entra, já que reside há mais de cinco anos na Espanha) – dominando a lista. "Deveria haver uma igualdade tanto para eles [estrangeiros] como para nós [espanhóis] em todos ao aspectos”, afirmou o zagueiro Mané, do Getafe. “É um passo para a Europa e o mundo para igualar seu futebol. Nós vivemos com essa desvantagem e sabemos do que estamos falando. Para os jogadores, significará uma diminuição de seus salários, mas eles já ganham bem o suficiente. Para os clubes os contratos agora serão mais caros”, analisou ao site Deutsche-Welle o diretor do Bayern de Munique e presidente da Associação de Clubes Europeus (ECA), Karl-Heinz Rummenigge. O vice-presidente do Milan, Adriano Galliani, e o ídolo madridista Raúl foram outros que comemoraram a nova resolução.

Mesmo não mostrando tal veemência, o presidente da UEFA, Michel Platini, acaba por se mostrar favorável, ao dizer que tal artifício “é assunto da Espanha”, assim como a proibição de estampa de patrocínios de bebidas e sites de apostas em países como a França, por exemplo. São posições com as quais o presidente é amplamente favorável, assim como a implantação do sistema “6+5” no futebol europeu, para favorecer a revelação de novos talentos e a valorização dos atletas nativos dentro da própria Europa, freando a importação de talentos africanos e sul-americanos. Além disso, a nova medida vai equiparar os principais campeonatos europeus, já que a concorrência entre os grandes clubes será maior e mais justa; favorece o surgimento de novos valores nas categorias de base espanholas e eliminar qualquer tipo de regalias dadas aos estrangeiros; por fim, pode "amenizar" a polarização de La Liga entre Barcelona e Real Madrid, que conquistaram sete das nove ligas espanholas disputadas nessa década.

4.11.09

Na berlinda

Apesar do pouco tempo de Bayern, Van Gaal sofre duras críticas e já vê seu emprego ameaçado.

A quarta rodada desta Champions League deixou duas equipes tradicionais em situação delicadíssima: no Grupo A, o Bayern vê o Bordeaux disparar na liderança após a derrota em casa por 2-0 diante dos Girondinos. Já no Grupo E, o Liverpool vive situação semelhante, após sofrer empate no último minuto diante do Lyon na França. Praticamente na mesma situação – com quatro pontos e a seis dos líderes da chave – precisam vencer as duas partidas restantes a qualquer custo para vislumbrar uma chance de classificação e não sofrer uma eliminação precoce, haja vista que são times com bons e caros elencos. A situação igualmente difícil em suas respectivas ligas nacionais – Liverpool em sexto, a nove pontos do líder Chelsea e Bayern em quarto, quatro pontos a menos que o líder Leverkusen – já traz questionamentos sobre o trabalho de seus dois comandantes.

Com apenas uma vitória e um empate nas últimas oito partidas, o clima para Rafa Benítez no Liverpool vai ficando cada vez mais pesado. Em Anfield desde 2004, o espanhol é alvo de muitas críticas de torcedores e até de um dos donos do clube, George Gillet. Eliminações precoces na Champions e Premier League – que o Liverpool não conquista há quase duas décadas – poderão encerrar sua passagem pelos Reds, já que deixou de ser uma unanimidade há algum tempo entre os torcedores. "Eu não acho que meu trabalho está em risco. Eu não estou pensando nisso - só no jogo seguinte”, insistiu ao sensacionalista tablóide inglês The Sun. A equipe de Benítez precisa ganhar bem do fraco Debreceni na Hungria para decidir a vaga com a Fiorentina em Anfield Road, se esta não vencer o Lyon em casa. Em caso de vitória da equipe Viola na próxima rodada, está fora.

Já o holandês Louis Van Gaal chegou ao Bayern no início desta temporada, credenciado pelo bom trabalho desenvolvido no AZ Alkmaar, que culminou com o título holandês em 2008/09. Com fama de durão, renovou o elenco, recebendo promissores jogadores provenientes do futebol holandês e alemão, além do badalado Arjen Robben, que prometia dupla infernal com a estrela da equipe, Franck Ribéry. Na Bundesliga, a situação não chega a ser desesperadora. Mas ao analisar o elenco, os bávaros têm, no papel, o melhor elenco da Alemanha. Mas é criticado por imprensa, torcida e até mesmo por ex-jogadores do clube, como Kahn, pela alta rotatividade dada ao seu elenco e padrão tático. "Ser despedido? Não, não temo isso. Não é um tema para mim. Apenas posso afirmar que dormi mal na última noite. Tenho experiência, uma profissão e não posso tomar decisões sobre mim", afirmou na coletiva após a derrota frente ao Bordeaux.

Na Champions, estão em situação delicada, já que os bávaros enfrentam a Juventus, concorrente direta à vaga e que precisa apenas de uma vitória diante do já classificado Bordeaux. Em todo caso, a Juve receberá o Bayern no Delle Alpi na última rodada, o que torna o cenário muito mais dramático aos alemães. Os vilões, ambos franceses, estavam longe de ser favoritos à vaga na fase de mata-mata. No entanto, Lyon e Bordeaux garantiram a vaga e provavelmente ficarão em primeiro em suas chaves, o que deixará Liverpool e Bayern se engalfinhando pela outra vaga com os italianos da Fiorentina e Juventus, respectivamente. E tal cenário desolador pode encerrar as passagens de Benítez e Van Gaal em breve, caso se concretize a precoce eliminação de ingleses e alemães.