28.5.09

Obina, ética e jornalismo

POR ARMANDO TEIXEIRA JR. - Filtro Digital - http://www.filtrodigital.blogspot.com/

Navegando pela Internet, percebi em um exemplo, o peso de ser um formador de opinião em nossa sociedade atual. O jornalista André Rizek, editor do canal Sportv e comentarista esportivo, publicou na última segunda (25/5) em seu blog um post com o título Fala Sério, onde comentava sobre a contratação do atacante Obina, pelo Palmeiras. O texto bastante curto, com apenas sete linhas, gerou mais de 3.000 comentários até o momento em que postei esse texto. Rizek, enumerou certos jogadores e classificou-os como “pernas-de-pau”, dizendo depois que o atacante Obina era um “perna-de-pau com carisma”.

Nem os números pífios e as péssimas atuações do ex-flamenguista foram capazes de barrar uma legião de internautas sedentos pela cabeça de Rizek. Muitos o acusavam de desrespeitar Obina como ser humano, outros partiram para ofensas pessoais; até ameaças de agressão física apareceram no post. Afinal qual o papel do jornalista ao escrever um artigo opinativo ou postar sua opinião em um blog?

Muitos acessam os blogs ou os artigos dos comentaristas de áreas específicas do jornalismo esperando um ponto de vista, um parecer, uma opinião, sobre uma situação ou notícia. Políticos se dividem entre direita e esquerda, economistas entre pessimistas e otimistas em relação ao mercado, mas basta no futebol usar uma gíria para dizer que fulano é mau jogador que o comentarista recebe ameaças de morte? Situação difícil esta.

Vendo por outro lado, o jornalista como formador de opinião deve ter consciência ao escolher suas palavras na hora de escrever o que pensa. Incitar uma torcida inteira contra um jogador recém contratado não parece justo. Todos que atualmente escrevem, opinam e criam informação, seja em um site, jornal ou blog, têm em suas mãos o poder de rotular, embalar e entregar, de uma forma ou de outra, um fato, sem necessariamente faltar com a verdade. Talvez o simples fato de escolher outra expressão que não fosse “perna-de-pau” seria o suficiente para sanar as críticas dos descontentes com a posição de Rizek, mas também impediria o jornalista de expressar sua mais sincera opinião, pois o simples ato de escolher outra palavra constituiria uma forma de (auto)censura, impedindo um texto de chegar “original” ao público.

Somente para enumerar mais um caso que me chamou a atenção nestes dias, gostaria de citar também a reportagem que foi ao ar no dia 16 deste mês, no programa Sportv Repórter. A matéria muito bem apurada, falava sobre a anorexia no esporte, um tema seriíssimo que atinge grande número de atletas profissionais e amadores em busca de um corpo perfeito. O programa alertava para os perigos da busca de atletas em alto nível de quebrar os limites do corpo e também derrubava o mito do esporte estar sempre relacionado a saúde. Surpreendente o número de atletas amadores que acabam vítimas de anorexia e bulimia pelo desejo de atingir o mesmo corpo e físico de seus ídolos no esporte. Ótima matéria, ponto para o Sportv.

Contradizendo totalmente seu parente televisivo, o site Globo.com em sua página de esportes, apresenta notícias claramente voltadas para o lado estético dos atletas. É curioso perceber que a cobertura de tênis feminino oferecida pelo site dá mais ênfase a beleza das atletas que ao resultado de alguns jogos. Como exemplo, cito aqui duas matérias: uma onde a tenista russa Maria Sharapova é destacada pelas suas celulites, apresentadas durante o jogo e outra ainda que ressalta a vitória da tenista Anna-Lena Gronefeld sob o título “Alemã ‘fofinha’ dá a volta por cima e despacha Mauresmo em Roland Garros”.

Portanto o que é pior: um texto que rotula declaradamente um atleta, como o de Rizek, ou outro que disfarça comentários estéticos sob a forma de notícia? Ou ainda: Qual o dever jornalístico e as responsabilidades do grupo Globo ao levantar uma bandeira com uma mão e baixá-la com a outra? Realmente é para se discutir.

27.5.09

Sí, se puede/Sí, es pot

Barcelona conquista a Champions e mostra que é possível aliar jogo bonito e bons resultados no futebol atual.

Uma atuação impecável diante de um Manchester United apático, que se tornou presa fácil para o futebol bonito do Barcelona. Quem acompanhou a partida no Estádio Olímpico de Roma pode testemunhar a vitória do futebol bem jogado, em sua plenitude. Mesmo com todas as dificuldades em armar a defesa em meio aos desfalques por contusão e suspensão, Guardiola não alterou a forma exuberante de seu time jogar, ao contrário do que fez Ferguson. O domínio do meio-campo por parte do Barcelona, que tem como uma de suas principais armas a posse de bola, permitiu aos catalães dominarem a partida quase que por completo. A liberdade dada para Xavi e Iniesta foi decisiva, já que cada um deu uma assistência para gol.

Além da ousadia de Pep Guardiola em montar um Barcelona desse quilate em sua temporada de estréia como técnico, o Barcelona entrou em campo nesta final com sete jogadores formados em suas canteras: Valdés, Puyol, Piqué, Busquets, Xavi, Iniesta e Messi, além do próprio Guardiola. Ao contrário do que fazem os rivais do Real Madrid, que gastam fortunas em jogadores badalados em seu projeto "Galático". E pra quem acha que o sangue novo na comissão técnica não fez a diferença, pouco dos jogadores contratados em 2008/09 fizeram parte da base da equipe, como Dani Alves, Keita e Piqué e a “limpa” nos medalhões do elenco das últimas temporadas como Ronaldinho, Deco, Zambrotta e Edmilson. Praticamente aboliu as tediosas concentrações pré-jogo e fez com que os jogadores passassem mais tempo juntos durantes os treinamentos, o que solidificou o grupo. Jogadores que estavam cotados para sair, como Henry e Eto’o recuperaram a alegria de jogar e formaram o fantástico ataque dos 153 gols, ao lado de Messi.

Ao conquistar o título mais cobiçado dos clubes europeus, o Barcelona dá uma lição de que não é preciso armar uma equipe com três volantes ou três atacantes para que ela seja defensiva ou ofensiva, mas que é preciso adaptar as preferências táticas dos treinadores com a montagem do elenco e explorar da melhor forma as características individuais dos jogadores à disposição. E justiça seja feita, apesar de entrar com a formação errada nesta final, Ferguson também desenvolve com muita eficiência tais preceitos. E jogando bem, sempre objetivamente.

Com a "Tríplice Coroa" conquistada pelo Barcelona, os blaugranas se ratificam como o time a ser batido – a vitória na final quebrou uma sequência de 25 jogos sem derrotas na Champions dos Red Devils. E outro jogador coroa uma temporada fantástica, a exemplo do Cristiano Ronaldo em 2007/08e Kaká em 2006/07: Lionel Messi, 38 gols na temporada a artilheiro desta Champions com nove gols. Além da volta do bom futebol do decisivo Eto’o – que também fez um dos gols da decisão em 2005/06 contra o Arsenal - e Henry, menções honrosas para Iniesta, decisivo contra o Chelsea, e Xavi, eleito o melhor em campo na decisão com grande justiça. Base do meio campo da Fúria, vivem grande momento técnico. Do meio pra frente, o Barcelona é quase perfeito. E provou que é possível vencer jogando bem e principalmente com aplicação tática e a entrega dos jogadores em campo. Sim, se pode! Em português, espanhol, catalão...

26.5.09

Múltiplos confrontos

A cidade eterna, cujos caminhos levam até ela vai testemunhar a final que todos esperavam. De um lado, o papa-tudo Manchester United, que apesar de ser tricampeão inglês, atual campeão europeu e mundial entre outros títulos dos últimos três anos, não vem tão badalado para esta final tanto quanto o ano passado, na opinião de muitos torcedores e jornalistas. Graças ao técnico estreante Guardiola, o Barcelona encanta pela sua volúpia ofensiva, de 151 gols em 58 partidas. Ainda assim, suou ao enfrentar outro grande nas semifinal da Champions. E o jogo contra equilibrado Manchester colocará o time a prova sobre uma equipe mais forte e equilibrada entre ataque e defesa. Some-se ao confronto principal outros confrontos paralelos, como o de qual será o melhor do mundo atualmente: Messi ou Cristiano Ronaldo. Ou o desempate da supremacia entre clubes ingleses e espanhóis na história da Champions League, já que ao lado dos italianos, são os maiores vencedores da competição, com 11 títulos cada. Duelo entre o consagrado Alex Ferguson e o "estreante" Josep Guardiola, um verdadeiro choque de gerações no comando técnico. Elementos que dão um tempero a mais desse grandioso embate na cidade eterna na busca pela supremacia continental, aos olhos atentos do mundo do futebol.

Manchester United
Equilíbrio, eficiência e supremacia

Consolidado há quase três temporadas como equipe a ser batida na Europa, o Manchester United de Alex Ferguson pode ser o primeiro bicampeão de forma consecutiva da era Champions League, estabelecida em 1992/93. Atual campeão e com três títulos europeus na história, os Red Devils estão invictos há 25 partidas no torneio – a última derrota ocorreu nas semis de 2006/07 para o Milan. A equipe de Alex Ferguson tem como grande mérito e trunfo o equilíbrio de seu versátil elenco. Van der Sar é um dos melhores do mundo em sua posição; o miolo Vidic-Ferdinand também é um dos melhores e atuam juntos há três temporadas; volantes como Carrick e Scholes são bons destruidores e sabem armar a equipe, além da ótima parceria do ataque entre Rooney e Cristiano Ronaldo – 23 e 19 gols em 2008/09, respectivamente. E a dupla consegue se adaptar com a rapidez e habilidade de Tevez ou a presença de área de Berbatov, sendo que o búlgaro também sai para buscar jogo. Além da boa fase de seus “coadjuvantes” como o aplicado Park, o coringa O’Shea, o habilidoso Anderson e o eficiente Giggs - que ao lado de Ferguson pode quebrar diversos recordes na equipe, já que o galês tem praticamente o tempo de casa de seu chefe.

Atuando no 4-3-2-1, Ferguson gosta de formar as famosas linhas de quatro quando atacado. Com O’Shea mais fixo na direita e Evra com mais liberdade de atacar na esquerda, o coreano Park faz a função de apoiador pela direita. Carrick é o responsável pela destruição de jogadas e início das ações ofensivas. Alternando-se pelos flancos, normalmente Cristiano Ronaldo fica aberto pela esquerda e Rooney pela direita, dando velocidade aos ataques. Caso atue Berbatov, o búlgaro normalmente se posiciona mais fixo entre os zagueiros e ainda assim, volta ao meio para buscar jogo. Com Tevez, Ferguson arma o time com Rooney ou Ronaldo mais à frente, abrindo o argentino nos flancos, criando um leque de opções ofensivas, mas que conseguem dar o primeiro combate aos laterais com mais eficiência. Ao contrário de 2007/08 quando fez uma temporada fantástica, Cristiano Ronaldo não atua como o melhor do mundo. Mas vem decidindo diversos jogos para o time nesta temporada, superando aos poucos uma das maiories críticas ao seu futebol: a falta de objetividade em alguns momentos e chamar a responsabilidade nas horas de dificuldade.

Certamente, Ferguson aposta na versatilidade e diversas opções de qualidade em seu elenco -que só não contará com o suspenso Flecther - para segurar a velocidade e volúpia do Barcelona, de meio-campistas velozes e atacantes habilidosos. Também não adotará a postura do Chelsea nas semifinais, de defensividade exagerada. Apesar disso, sabe usar o contra-ataque como poucos times no futebol mundial, mesmo não se caracterizando por ser um ime mais cauteloso. Pelo contrário.

Time-Base: Van der Sar; O’Shea, Ferdinand, Vidic e Evra; Carrick, Scholes, Park (Giggs) e Ronaldo; Rooney e Berbatov (Tevez). Técnico: Alex Ferguson
Na temporada 2008/09: 65 jogos – 46V, 12E e 7D. 119 gols marcados e 44 sofridos
Campanha na UCL 2008/09: 12 jogos - 6V e 6E. 18 gols marcados e 6 sofridos.
Olho Nele: Como na temporada passada, quando era favorito como melhor do mundo, Cristiano Ronaldo duelava com Messi. Só que desta vez, o argentino está melhor que o português. Ainda assim, os 23 gols em 2008/09 não deixam dúvidas ao apontar que o camisa 7 pode ser o diferencial da partida, ao lado de Rooney. Mostra mais maturidade em relação a temporada passada e vem se destacando em jogos decisivos, como fez contra Porto e Arsenal nesta Champions.
História: Há pouco mais de um ano, Barcelona e Manchester United duelavam para chegar à final da Champions. Em dois jogos duríssimos, o United arrancou uma vitória no sufoco jogando em casa por 1-0, gol de Scholes, após ter empatado sem gols a primeira partida no Camp Nou.
Curiosidade: Dos 10 jogadores com mais partidas na história da Champions League, três são do Manchester United e ainda estão no atual elenco: Giggs (128 jogos, empatado com Raúl como o que mais atuou na história), Paul Scholes (115 jogos, em quinto) e Gary Neville (111 jogos, em sexto).

Barcelona
Melhor do mundo no melhor do mundo?

As meninas dos olhos dos amantes do futebol na atualidade estarão no Estádio Olímpico de Roma: Messi e Barcelona. O primeiro, apesar do grande potencial, faz sua primeira temporada de maior regularidade na equipe blaugrana, sem graves contusões. A melhora na parte física se refletiu em sua apurada técnica: 50 jogos, 37 gols e 10 assistências, até aqui, com muitos dessas jogadas em atuações memoráveis e lances plásticos, o que aponta o argentino como o melhor jogador do mundo em atividade atualmente. Já o Barcelona apostou no passado para renovar, após duas temporadas irregulares: a chegada de Pep Guardiola ao comando da equipe em lugar do desgastado Frank Rijkaard trouxe de volta a alegria de jogar a atletas como Eto’o e Henry, formando ao lado de Messi o ataque mais letal e habilidoso da Europa: 94 dos 151 gols do Barça em 2008/09 são do trio de ataque. Além do eficiente ataque, a versatilidade do meio-campo do Barça é espantosa: Yaya Touré atua como primeiro volante, mas sabe sair para o jogo e arremata bem de média e longa distância. Xavi e Iniesta, a exemplo do que já haviam mostrado na Euro 2008 estão bem entrosados. Além da ajuda atrás, ambos são velozes e jogam abertos pelos lados do campo. Sabem armar, tem ótimo passe e chegam com extrema qualidade à frente. Além de Messi estar liderando a tábua de artilheiros desta Champions com oito gols, Xavi é o líder em assitências, ao lado de Ribéry, com seis passes que resultaram em gol.

Fantástico na frente, nem tanto atrás. Além de não ter uma defesa tão consistente como a do Manchester, o Barcelona terá desfalques importantes no setor: Rafa Márquez está contundido, enquanto Dani Alves e Abidal estão suspensos da grande final. Com isso, Guardiola terá de quebrar a cabeça para montar o setor. A tendência é o deslocamento de Puyol para a ala direita e a escalação do veterano Sylvinho na esquerda, com a zaga composta por Pique e Cáceres. - ou mesmo Touré improvisado. A falta de entrosamento da defesa pode ser compensada com uma maior atenção de Touré ao sistema defensivo ou uma eventual saída de Henry para entrada de Keita para compor a meia cancha. Mesmo em boa fase, Victor Valdés ainda mostra um pouco de inconsistência, além de não ser um especialista em pegar pênaltis, ao contrário de seu rival Van der Sar, numa eventual disputa nos pênaltis, assim como fizeam Chelsea e Manchester ano passado, na qual o arqueiro holandês saiu como herói.

A manutenção da posse de bola, uma das grandes características do Barcelona de Guardiola – a maior média desta Champions, com 62% -, também será arma para evitar as investidas perigosas de Cristiano Ronaldo e Rooney, que deverão ser vigiados constantemente pelos laterais blaugranas, mais presos ao campo defensivo, liberando Xavi e Iniesta para apoiar o ataque pelas alas.

Time-Base: Valdés; Dani Alves, Pique, Marquez e Abidal; Yaya Touré, Xavi e Iniesta; Henry, Messi e Eto’o. Técnico: Josep Guardiola
Na temporada 2008/09: 58 jogos – 40V, 12E e 6D. 151 gols marcados e 53 sofridos
Campanha na UCL 2008/09: 12 jogos - 6V, 5E e 1D. 30 gols marcados e 13 sofridos.
Olho Nele: Com a saída de Ronaldinho Gaúcho do Barça, Messi assumiu a camisa 10 do Barça e vem fazendo jus a ela. Mesmo em meio a tantas estrelas, Messi se sobressai e faz uma temporada espetacular. É o artilheiro da competição, com oito tentos. Pode decidir o jogo a qualquer momento, como vem fazendo com regularidade em 2008/09.
História: Presente em campo no primeiro título europeu do Barcelona em 1991/92, Guardiola estava com a camisa 10 na finalíssima contra a Sampdoria, em Wembley. A vitória por 1-0 veio só no segundo tempo da prorrogação, gol de Koeman.
Curiosidade: Guardiola pode ser sagrar como o terceiro técnico a ser campeão da Champions como jogador e treinador pelo mesmo clube. Os outros são Miguel Muñoz - campeão como jogador em 1955/56 e 1956/57 como jogador e em 1959/60 e 1965/66 como treinador pelo Real Madrid – e Carlo Ancelotti – campeão em 1988/89 e 1989/90 como jogador e em 2002/03 e 2006/07 como treinador pelo Milan.

23.5.09

Primeira vez, com autoridade

Após fulminante segundo turno, Josué ergue a primeira Salva de Prata da história do Wolfsburg.

O pequeno Wolfsburg se agigantou no futebol alemão. Time fundado em pleno pós-guerra, em setembro de 1945, estava há doze temporadas consecutivas na Bundesliga alemã e jamais havia comemorado nenhum título em sua história de quase 64 anos. Nem nas divisões de acesso. Tabu quebrado com autoridade, com a sonora goleada sobre o Werder Bremen por 5-1. Melhor ataque disparado da competição, os Wolves detém outras marcas impressionantes, como 11 das 21 vitórias conquistadas por três ou mais gols de diferença em sua campanha na Bundesliga 2008/09; a primeira vez na história do certame alemão que dois jogadores da mesma equipe marcam mais de 20 gols, coroando artilheiro e vice – Grafite com 28 gols e Dzeko, 26 - e batendo uma marca que durava mais de 35 anos: a de dupla de ataque mais letal de uma edição do Alemão, pertencente aos lendários Gerd Müller e Uli Hoeness, com 53 gols pelo Bayern de 1972/73. Além da arranacada sensacional da nona colocação ao final do primeiro turno – com apenas 26 pontos – ao título, com apenas duas derrotas no returno e uma sequência espetacular de 11 vitórias consecutivas.

A base formada em duas temporadas pelo técnico Felix Magath – que já acertou sua saída para o Schalke na próxima temporada – cresceu no momento certo do campeonato. Quinto colocado em sua primeira temporada à frente dos Wolves, as chegadas de Zaccardo, Misimovic e Barzagli no início da temporada rechearam um time que, se aparentemente não tinha jogadores renomados, possuía um elenco versátil e de jogadores que subiram de produção durante o campeonato. Após um começo instável, o goleiro suíço Diego Benaglio se firmou na posição, assim como o recém-chegado Barzagli – jogador com mais minutos jogados nesta Bundesliga – comandou a zaga da equipe com firmeza, ao lado de Marcel Schäfer. Após começo instável, Josué logo se firmou no meio-campo e tornou-se o capitão da equipe, reencontrando o eficiente futebol perdido desde os tempos de São Paulo, formando bom meio campo com Christian Gentner. Mas o trio Misimovic-Dzeko-Grafite - responsável por 60 dos 81 gols da equipe na campanha do título - deu o toque de qualidade ao time comandado por Magath. O meia Misimovic foi o principal responsável de municiar a letal dupla de ataque dos 54 tentos. As impressionantes marcas de Grafite – 28 gols em 25 jogos – e do bósnio Dzeko – 26 gols em 32 jogos – não deixam margem de dúvida na hora de escolhe-los entre os melhores do campeonato.

No campeonato mais disputado e surpreendente da Europa nesta temporada, onde o debutante Hoffenheim foi o campeão de inverno e seis times se alternaram na liderança, o Wolfsburg foi campeão com enorme justiça e eficiência, jogando um futebol que todos esperavam do Bayern de Munique. E os bávaros salvaram a temporada ao conquistar o vice-campeonato na última rodada e garantir vaga direta à próxima Champions. Muito pouco para um time do quilate de Schweinsteiger, Ribéry, Klose e Toni, que esperam com esperança por um bom trabalho de Louis Van Gaal, acertado para a próxima temporada no lugar de Jürgen Klinsmann, que decepcionou no comando da equipe. Times figurantes como o Schalke 04 e o Werder Bremen - atual vice-campeão da Copa da UEFA - fizeram um pífio campeonato e nem vaga para as Copas Européias conquistaram. O Hertha Berlim, postulante ao título até outrora, viu a possibilidade de uma vaga na fase classificatória da Champions ir para o espaço após a vexatória goleada para o já rebaixado Karlsruhe por 4-0, beneficiando o Stuttgart, que garantiu a vaga mesmo sendo derrotado por 2-1 pelo Bayern

Agora, a maior luta dos Wolves para 2009/10 será encontrar um bom substituto para Magath no comando técnico, além de evitar um iminente desmanche, já que Dzeko e Grafite estão sendo cotados para se transferirem aos grandes europeus. Contudo, o primeiro título da equipe da cidade homônima, com apenas 120 mil habitantes e antes conhecida apenas por ser a sede mundial da Volkswagen veio com muito estilo e autoridade.

LEIA MAIS:
Carrossel Alemão
Por enquanto, um rascunho
Noviços Rebeldes

22.5.09

Caminho livre

Em uma partida memorável para os uruguaios, o Defensor eliminou o Boca Juniors em plena Bombonera com o placar mínimo – a última derrota do Boca pela Libertadores em casa havia sido em abril de 2003 para o Paysandu, 26 partidas atrás. O gol da classificação de Diego de Souza certamente derrubou aquele que seria o maior entrave para os quatro brasileiros restantes na Libertadores da América. Com a derrota Xeneize nesta quinta, o Estudiantes é o único representante do país nas quartas-de-final, ao lado dos uruguaios do Defensor e Nacional e os venezuelanos do Caracas.

A chance de uma semifinal com três brasileiros – já que Cruzeiro e São Paulo medem forças – é enorme. O Grêmio tem tudo para atropelar o surpreendente Caracas e o tradicionalismo do Nacional na competição continental não se reflete em campo frente a um embalado Palmeiras. E com poucas chances no Campeonato Argentino, o Estudiantes enfrenta um Defensor que se tem moral, não é uma equipe tão técnica assim. Mas dará trabalho, principalmente conquistar um bom resultado em La Plata, pois a exemplo da partida desta quinta frente ao Boca, os comandados de Jorge da Silva sabem se fechar e sair com velocidade para o contra-ataque. No embate mais equilibrado entre cruzeirenses e sãopaulinos, vejo uma pequena vantagem dos mineiros, que pode se dissipar com a sentida ausência de Ramires confirmada para a segunda partida, já que o meia foi merecidamente convocado para a Seleção e ficará ausente da equipe por quase um mês.

A participação pífia dos argentinos até aqui em 2009 – apenas o Estudiantes restou nas quartas dentre os cinco representantes argentinos – chama a atenção. River, San Lorenzo e Lanús foram eliminados na fase de classificação da Libertadores, sendo que o River Plate vive grave crise. E a eliminação precoce do Boca coroa um 2009 desastroso para os Xeneizes, após um 2008 de recuperação no segundo semestre, que havia culminando com a conquista daquele Apertura. A equipe de Carlos Ischia ocupa apenas a 16º colocação no Clausura 2009, pior colocação da equipe desde que o atual formato do campeonato foi adotado, em 1991. Sinal verde para que as equipes brasileiras conquistem novamente a América, após baterem na trave em 2007 e 2008 com Grêmio e Fluminense, respectivamente.

21.5.09

Barato que pode sair caro

Vislumbrando resolver um problema, o Flamengo pode ter criado outro. Na intenção de abater uma dívida trabalhista com Petkovic – as cifras giravam em torno de R$ 18 milhões – o presidente em exercício do Flamengo, Delair Dumbrosck, bateu no peito e resolveu bancar a contratação do veterano meia sérvio e ídolo do clube, de 36 anos. Idolatrado pela torcida pelo gol de falta que carimbou o tricampeonato carioca (1999, 2000 e 2001), Pet já deu declarações de amor incondicional ao rubro-negro e prometeu lutar pelo hexa brasileiro e o tetra carioca. A atitude de Dumbrosck em contratar o meia sem consultar o vice-presidente de futebol Kléber Leite – um dos grandes responsáveis por boa parte das divida do clube durante sua gestão – e o técnico Cuca pode ter iniciado um racha no clube, já que ambos ameaçaram se demitir. E apesar do recente tricampeonato Carioca, o clima já não era dos melhores na Gávea por conta da ausência de reforços para o Brasileirão, atraso de salários - acertados recetemente - e uma recente crise com o lateral Juan, por conta de um desentendimento do lateral com Cuca em um coletivo.

Antes da contratação de Pet, cerca de 70% da renda dos jogos do Flamengo era penhorada para pagar a dívida com o sérvio. Mesmo sendo um acordo vantajoso financeiramente - abatimento de 15% do valor total e prazos maiores de pagamento -, a aquisição do meia pode ser desastrosa para o elenco nesse campeonato. “Independentemente de presidente, vice ou qualquer outro dirigente, a entidade Clube de Regatas do Flamengo fez um acordo importantíssimo para a sua saúde financeira. Teríamos uma sangria de mais de quinhentos mil reais por mês se isso não acontecesse”, disse Dumbrosck ao GloboEsporte.com, deixando mais do que claro que Petkovic não volta para somar ao elenco ou porque é um ex-ídolo do clube. Volta para abater dívidas e tem grandes chances de ficar encostado. E como Pet não é exatamente um agregador de elencos, a situação pode ficar mais feia, principalmente após a eliminação do Fla na Copa do Brasil para o Inter.

Mesmo com a intenção de aliviar a situação financeira, os cartolas do Flamengo dão mais uma mostra de amadorismo e da falta de tato com o caso. Os profissionais de futebol poderiam ter sido devidamente consultados e postos a par da situação, tornando a vinda de Petkovic menos polêmica, deixando o jogador com menos peso em sua chegada, já que ele não atua em alto nível há pelo menos quatro anos e está sem jogar faz seis meses, desde sua dispensa do Atlético/MG. Aliás, dispensas que se tornaram frequentes nas suas últimas passagens, por Fluminense, Goiás e Santos, respectivamente. O caso de Petkovic é semelhante ao da terceira passagem de Marcelinho Carioca pelo Corinthians, em 2007, onde o Pé-de-Anjo também chegou ao alvinegro como resultado de acordo para renegociar a dívida do jogador com o clube. O resultado foi a rápida recisão de contrato – apenas cinco jogos - em meio a turbulência da equipe de Pq. São Jorge naquele Brasileirão, do qual acabou rebaixado. Ou seja, no mínimo, faltou sensatez ao alto escalão rubro-negro com o caso Pet. E o barato pode sair bem mais caro do que se imagina.

19.5.09

Além dos gramados

POR SHEILA MOREIRA - Coletivo: http://coletivosheila.blogspot.com/

No último domingo, o Esporte Espetacular mostrou uma reportagem muito interessante sobre boxe, uma vez que a falta de fiscalização e investimentos agrava a cada dia a situação de descaso em que o esporte se encontra. Longe de ser a preferência nacional, o boxe está nas mãos de empresários e patrocinadores que pouco se importam com as condições físicas dos atletas. Na maioria das vezes, os esportistas são obrigados a conciliar o pugilismo com outra atividade remunerada para que possam se sustentar. Péssimas condições de treino, má alimentação e muito trabalho fazem parte da rotina dos “anônimos” boxeadores.

A reportagem denunciou o fato de muitos atletas desrespeitarem o período de afastamento estipulado pela Confederação Brasileira de Boxe (CBB) após derrota por nocaute. Segundo o regulamento, o pugilista deve ficar sem treinar e lutar com luvas por, no mínimo, sessenta dias (Cap XXIII – Artigo 133 – 1 Nocaute), período necessário para a recuperação de possíveis lesões no cérebro afastando o risco de morte no ringue.



No entanto, a norma não é respeitada e muitos boxeadores voltam a competir pouco tempo (as vezes apenas trinta dias) após o nocaute. Alguns deles colecionam uma carreira de derrotas e, mesmo assim, não param de lutar. Um bom exemplo é do pugilista José Cláudio da Silva que não vence há 12 anos e já desrespeitou duas vezes o período de afastamento. A situação decorre da ausência de inspeção, já que a CBB permite a criação de pequenas ligas de boxe, mas não dá conta de supervisioná-las. O ministro dos esportes, Orlando Silva, em entrevista ao Globo Esporte de segunda-feira, reconheceu a gravidade da denúncia e prometeu não só analisar a questão, mas também solucioná-la o mais rápido possível.

Mesmo no futebol, para o qual atenções estão sempre voltadas, as categorias de base passam por dificuldades financeiras e organizacionais. Porém, é preciso também estar atento as demais modalidades esportivas.


17.5.09

Comigo ninguém pode

Alusão a conquista do 17º scudetto da Inter: Comandados por Ibrahimovic, os interistas passearam rumo ao tetracampeonato.

Na reta final das ligas européias, a manutenção da hegemonia deu o tom das comemorações. O tricampeão Manchester United nem fez força para empatar com o jovem Arsenal e fazer a festa, enquanto a Inter comemorou o tetracampeonato ainda na concentração, graças ao tropeço providencial do arqui-rival Milan frente a Udinese no sábado. Tetra como a Inter, o Porto já havia assegurado o caneco na semana passada com duas rodadas de antecedência, na vitória contra o Nacional da Ilha da Madeira. Em três dos seis campeonatos nacionais mais destacados da Europa – o Lyon não tem mais chances de ser octacampeão na França, o Barcelona quebrou a hegemonia do Real Madrid e o Bayern tem que torcer por um tropeço do Wolfsburg, além de vencer o difícil compromisso contra o Stuttgart para ser bicampeão alemão – manutenção da hegemonia, títulos antecipados e conquistados sem maiores problemas.

A Inter passeou durante todo o Calcio e praticamente não foi ameaçada. As irregularidades de equipes concorrentes Milan e Juventus facilitaram a conquista do scudetto, que mais uma vez ameniza a dor de uma péssima jornada de Champions League. Campeão da Champions e do Português pelo Porto e Inglês pelo Chelsea, José Mourinho estreou no Calcio e atestou sua sina de técnico campeão com o título, preservando a base construída por Mancini nas últimas temporadas. Porém, deu chances para o surgimento de bons jogadores pratas-da-casa nerazzurri nesta temporada como o lateral Davide Santon e o bom, porém intempestivo, Mário Balotelli, que se firmou como parceiro de ataque de Ibrahimovic principalmente após a metade da temporada. Temporadas espetaculares de Ibrahimovic – novamente principal jogador do time e vice-artilheiro do Calcio com 22 gols, até aqui – e do goleiro Júlio César, mescladas a regularidade de atletas como Cambiasso, Zanetti, Córdoba e Vieira deram a cara do 17º scudetto interista, o que faz os rivais de Milão empatarem no segundo posto do número de conquistas da Série A, italiana, com 10 conquistas a menos que a Juventus. E o tetracampeonato marca uma hegemonia que não se via em campos italianos desde o pentacampeonato do Torino, conquistado entre 1942 e 1949.

O Manchester United não teve a vida tão fácil quanto a da Inter, sem adversários diretos em 2008/09. Sofrendo com o excesso de jogos – principalmente à época do Mundial de Clubes da FIFA, o qual venceu – os Red Devils não abriam vantagem confrtável, até pelo fato de terem jogos a menos em relação aos rivais Liverpool e Chelsea e terminaram o primeiro turno apenas no terceiro posto. Após uma sequência de 11 vitórias consecutivas e mesmo com jogos a menos, os comandados de Ferguson assumiram a liderança da qual não saíram mais. Liderança essa que foi incomodada na goleada contra o rival direto Liverpool por 4-1 e na derrota na partida posterior por 2-0 frente ao Fulham na 30ª rodada. De lá pra cá, mais uma série de vitórias consecutivas – desta vez, sete – e o título garantido com uma rodada de antecedência no empate sem gols contra o Arsenal. Como a Inter, Alex Ferguson manteve a base vitoriosa da equipe, que contou com a valiosa aquisição de Berbatov, a qual aumentou ainda mais a gama de opções ofensivas da equipe. O surgimento, mesmo tímido, de valores da base como Welbeck, Evans, Rafael da Silva e Macheda mostra que o futuro reserva ao United bons frutos.

Mesmo sem ter emplacado um campeonato brilhante como em 2007/08, Cristiano Ronaldo teve bons momentos e está na briga pela artilharia da Premier League, com 18 tentos. Destaques para a regularidade Van der Sar, a boa zaga Vidic-Ferdinand, o veterano Giggs, as entradas e gols pontuais de Tevez. E superando Ronaldo, Rooney foi o grande diferencial do time nesta temporada. Atacante objetivo e muito dedicado no auxílio à marcação, colaborou com 12 gols, sete assistências e muita regularidade nos jogos. Além da campanha incontestável, o tricampeonato deu ao Manchester United o posto de maior campeão inglês ao lado do Liverpool, com 18 conquistas e o recorde de ser a única equipe a se sagrar duas vezes tricampeã inglesa em toda a história – a primeira foi entre 1999 e 2001. De quebra, Ferguson e Giggs – remanescentes da década de 80 quando o Manchester United amargou um período de 26 anos sem vencer o campeonato inglês, quebrado em 1992/93 - comemoraram seu 11º título nacional.

Coletividade foi a marca do tetracampeonato do Porto. Mesmo não tendo o artilheiro da Liga 2008/09 – até o momento, a marca é de Nenê do Nacional, com 19 tentos – cinco atletas foram responsáveis por marcarem 41 dos 59 gols dos Dragões até aqui: Lisandro López (10), Ernesto Farias (9), Givanildo Hulk e Lucho González (8), além de Cristián Rodríguez (6) mostram que o diferencial do Porto para a conquista foi a versatilidade de sua linha ofensiva. Além da importante participação dos citados, jogadores como o zagueiro Bruno Alves e o operário volante/meia Raúl Meirelles formaram a base campeã, comandadas pelo técnico Jesualdo Ferreira. Apesar de ainda estar distante da hegemonia de títulos benfiquista em Portugal – 31 contra 24 – o Porto ostenta uma impressionante marca de crescimento na Liga lusitana dos últimos anos: a conquista de 11 das últimas 15 edições da Liga.

A hegemonia de Manchester United, Inter e Porto vem recheada de números impressionantes, o que atesta a ampla superioridade em relação aos rivais. Que ainda precisarão abrir bem os olhos para não assistirem tais cenas de festa se repetindo em 2009/10.

16.5.09

Sabatina fenomenal

Na tradicional Sabatina da Folha, Ronaldo ficou por quase duas horas na berlinda diante das perguntas de Juca Kfouri, Clóvis Rossi, Xico Sá e Mônica Bérgamo. E mostrou-se muito seguro de si, consciente nas perguntas relacionadas a diversos assuntos além de futebol e comedido nas questões pessoais, como no episódio com os travestis no Rio ou o polêmico comercial da Brahma, do qual é garoto propaganda há mais de 15 anos.

Questionado por jornalistas de diversas vertentes e com boas perguntas, Ronaldo teve sua postura muito elogiada por Juca Kfouri e Fábio Seixas. Principalmente pela segurança passada aos entrevistadores e ao publico presente na sabatina. E quem conhece a relevância de uma entrevista dessas – comparando com as previsíveis entrevistas globais, por exemplo – sabe que Ronaldo realmente foi questionado francamente sobre os mais variados assuntos, profissionais e particulares.

E dessa sabatina, as partes mais surpreendentes e relevantes foram as declarações do Fenômeno ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Apontado à época da eliminação da Copa de 2006 pelo presidente como um dos responsáveis pela eliminação diante da França, o atacante acusou a mudança de comportamento do dirigente no relacionamento entre os dois:
“Até 2006, eu tinha ótimo relacionamento com ele. Depois, acabei sem saber o que fiz para que ele deixasse de gostar de mim. Nós nos encontramos algumas vezes e ele foi frio comigo. Eu não tenho a menor ideia e também não faço questão de ter relacionamento com uma pessoa de duplo caráter. É muito fácil ele estar ali do lado quando ganha. Na hora que perde, é fácil você crucificar essa pessoa”.
Para alguns, a franqueza Ronaldo enterrou uma possível convocação imediata para os próximos jogos do Brasil, válidos pelas Eliminatórias e para a Copa das Confederações, em junho. E sobre a volta à Seleção, mostrou sensatez: “Eu acredito que agora ainda não tenho condição de jogar pela Seleção. Estou procurando o meu melhor condicionamento no Corinthians, estou melhorando a cada dia”. Admitindo pesar 93 kg atualmente, Ronaldo mal aguenta a maratona comum do futebol brasileiro de jogar domingo-quarta-domingo. Apesar da notória evolução técnica, ainda está muito limitado fisicamente.

As críticas a preparação brasileira pré-Copa em Weggis e a mágoa com o tratamento dado a ele por conta do episódio da convulsão antes da final da Copa de 1998 foram abordadas de frente por Ronaldo, que mostrou bom humor por diversos momentos em assuntos sobre corinthianismo, o presidente Lula e Romário, em uma passagem quando ainda era debutante no escrete canarinho, na Copa de 1994. Gosto do jogador que foge das respostas comum, que encaram o repórter olho no olho, como Ronaldo já havia feito à época do seu gol contra o Palmeiras, abordando a muvuca dentro de campo e a desorganização nos festejos pela conquista do Campeonato Paulista, dentro do Pacaembu. E foi franco ao abordar a sua relação com a Rede Globo, falando da “troca” entre ambos e da admiração dele pela emissora. Não se é certa ou errada, mas uma opinião de cunho totalmente pessoal e argumentada com clareza. Causou polêmica ao afirmar que prefere educar seu filho na Europa, o que tornaria Ronald mais "civilizado" do que se fosse criado no Brasil. Questionado por Rossi de ser esse um pensamento de cunho racista, cravou: "A gente tem que pensar nos filhos".

Apesar das muitas escorregadas fora das quatro linhas, no universo do futebol Ronaldo realmente se diferencia e essa sabatina me convenceu ainda mais disso. Mostrou um lado mais detalhista acerca de sua personalidade e a cada resposta, muita segurança, bom humor, jogo de cntura e humildade eram notados, mostrando que Ronaldo sabe se comunicar com clareza. E sabe usar desse artifício a seu favor. A comparação da volta de Adriano ao Flamengo com o ressurgimento do Ronaldo no Corinthians não cabe totalmente. Apesar das circunstâncias semelhantes, as cabeças são diferentes. Os pés no chão quanto a sua condição e importância no futebol, também. Naturalmente, mostrou com muita simplicidade o porquê da condição de grande ídolo do futebol brasileiro e mundial.

Para quem tiver paciência, a Sabatina de Ronaldo na íntegra (vídeo abaixo) ou por assuntos:

14.5.09

Jogo da vida

Para o Barcelona, um clima inicial de "ressaca", por ter adiado a festa do título espanhol em mais uma rodada, após o gol de empate sofrido nos descontos da partida contra o Villarreal, no Camp Nou. Mas nessa final de Copa do Rey, a oportunidade para iniciar a conquista da "Tríplice Coroa" na temporada 2008/09. Para o Athletic Bilbao, o jogo do ano. O time, além do tradicionalismo no futebol espanhol, é uma das principais bandeiras do movimento separatista basco e passou por algumas dificuldades financeiras antes do início desta temporada. Por conta disso, teve que estampar um patrocinador na camiseta., imaculada há mais de 110 anos (conforme já postado aqui no blog). Além disso, o último título de expressão dos Leones foi conquistado há exatos 25 anos, quando a equipe fez a dobradinha La Liga – Copa do Rey. Inclusive com a vitória na final daquela Copa sobre o Barcelona de Maradona num jogo de nervos ocorrido no Santiago Bernabéu, com saldo final de 60 feridos após o apito final.

Anúnicio escrito em catalão e basco para boicote do hino espanhol no Mestalla.

Mesmo com o Bilbao dando mais importância a final e a grande disparidade técnica entre as equipes, a final teve elementos característicos. Com o Rei Juan Carlos presente no Estádio Mestalla – palco da final – catalães e bascos presentes no estádio formaram um uníssono de vaias quando notada a presença do monarca e na execução do hino espanhol. Rivais que se uniram por uma causa comum: a luta política e ideológica pela separação de regiões autônomas espanholas – neste caso, Catalunha e País Basco. Com enorme repercussão, as vaias aos símbolos espanhóis foram lamentavelmente censuradas pela transmissora do jogo, a estatal TVE. O fato, que acabou por acalorar ainda mais as discussões e aumentar a polêmica envolvida, acabou custando o cargo do diretor de esportes da emissora espanhola, Julián Reyes.

Em campo, um Athletic aplicado e raçudo tentava peitar o técnico Barcelona, time do futebol mais vistoso do mundo no momento. E a surpresa veio com o gol de cabeça de Toquero, no início do jogo. Mesmo diante de um Atheltic incendiado e com gana de vencer, o Barcelona mostrou sangue frio e logo impôs o seu melhor futebol. E o que prometia ser uma final disputada entre unhas e dentes acabou virando um show blaugrana. Comandados por Messi e Xavi, impiedosos 4-1 enterraram o sonho dos fanáticos bilbaínos de pôr fim ao incômodo jejum e de empatar com o Barelona como o maior campeão da competição – com a vitória nesta quarta, 25 a 23 para os blaugranas.

No Bilbao, a certeza do dever cumprido, atestada pela bonita festa de sua torcida no Mestalla. No Barcelona, moral com dois títulos virtualmente conquistados – um empate separa a equipe de Guardiola do título de La Liga – e faca cerrada entre os dentes para enfrentar o perigoso, equilibrado e competente Manchester United em Roma pela final da Champions, daqui duas semanas. E na Espanha, mais uma pequena mostra do quanto o futebol se reflete na política e na cultura do país, desde os dolorosos anos da ditadura franquista.

LEIA TAMBÉM:
Uma nação, uma seleção
Muito mais do que vida ou morte, por Dassler Marques, do blog Papo de Craque
Un comportamiento indigno, por Juan José Anaut, jornalista do Marca.

11.5.09

Pobres Millionarios

O inferno astral pelo qual passa o River Plate passa após a conquista do Clausura 2008 parece ter atingido o seu ápice. No Apertura 2009, a equipe terminou a liga com o pior desempenho de sua história em um campeonato local, foi o lanterna entre os 20 participantes daquele certame, com vexatórios 14 pontos em 20 partidas – aproveitamento de pouco mais de 25%. Os Millionarios são não foram rebaixados por conta do Promedio, artifício adotado pelo futebol argentino que estabelece uma média de pontos dos três últimos campeonatos, onde o River acabara com a sexta posição àquela altura. Terminou o campeonato com o técnico interino Gabriel Rodríguez – Diego Simeone já havia pedido demissão após a eliminação da equipe na Copa Sul-Americana – muitos problemas e apenas uma certeza: a aposta no ídolo Nestor Gorosito (comentada neste blog por Erick Amirat), que marcou época como meia do time na década de 80 para comandar uma virada na vida da equipe de Nuñez. Nada melhor do que um “prata-da-casa” para resgatar as raízes vencedoras que sempre caracterizam a equipe.

O resgate ao passado vitorioso não aconteceu só no comando técnico. O meia Marcello Gallardo, em sua terceira passagem pelo clube, também chegou com tal responsabilidade. O retorno de Sambueza – após passagem apagada pelo Flamengo – e a aposta em Cristian “Ogro” Fabbiani para formar dupla de ataque com Falcao Garcia eram as movimentações de maior destaque. Em vão, até aqui. Mesmo com Gallardo se destacando em algumas partidas, o River colecionou outra marca negativa em sua história: foi eliminado na primeira fase da Libertadores em um grupo fraco - com Nacional/URU, Nacional/PAR e Universidad San Martín/PER - após perder para os uruguaios na penúltima rodada, chegando à última rodada sem chances de classificação.

Alvo de piada pelos rivais boquenses – era a quinta eliminação do time na primeira fase da Libertadores, em 29 participações – o River depositou todas as suas esperanças no Clausura 2009. Que ficou mais distante após o empate em casa diante do Lanús por 1-1, já que a vitória do líder Vélez aumentou a diferença em relação ao River – atual quinto colocado – para sete pontos. Longe do título e em quinto no Promedio, a Libertadores 2010 é um sonho cada vez mais distante. Sabendo dessa possibilidade, os torcedores não perdoaram e levaram diversas faixas de protesto neste domingo para a partida contra o Lanús, no Monumental de Nuñez: “A pior equipe da história”, “De três goleiros não fazemos um” e diversas ameaças explícitas a jogadores e dirigentes. Além do clima contra, o River perdeu Gallardo, acometido há algum tempo por uma pubalgia e que decidiu operá-la agora.

A maré anda tão desfavorável que até Diego Maradona - que antes de ser técnico da Argentina, é torcedor fervoroso do Boca – deu declarações solidárias ao time a uma rádio local: “Eu não vi nenhuma mensagem para qualquer dirigente que tenha comprado um jogador nos últimos dez anos. O que aconteceu com as bandeiras é estranho, estou surpreso”, disse El Diez.

Além da ausência de Gallardo, a falta de um nome confiável no gol, evidenciado nas treze partidas da equipe até aqui onde atuaram três goleiros diferentes – Vega (cinco jogos), Ojeda e Barbosa (quatro jogos cada) – e a instabilidade na defesa não dão boas perspectivas aos Millionarios. O homem-gol Fabbiani, sempre brigando contra a balança – fez apenas um gol em dez jogos - e Ariel Ortega foi dispensado do Independiente de Rivadavia, da segunda divisão, e retornou ao River. E o veterano meia de 35 anos pode entrar em campo, mesmo com os problemas com alcoolismo que vem marcando a sua carreira. Ou seja, as perspectivas são as piores possíveis. Pelo menos a curto prazo.

9.5.09

Brasileirão 2009 - Parte 4

Cruzeiro
Beleza não garante qualidade

A boa campanha na Copa Libertadores e a facilidade demonstrada na conquista do bicampeonato Mineiro serviram para reafirmar o Cruzeiro como um dos melhores e mais entrosados elencos do país. É o clube que apresenta o futebol mais vistoso do país.

Agora, a diretoria concentra todas suas forças para manter seu entrosado elenco, assegurando que nenhum atleta seja levado para a Europa durante a competição. Perder alguém a essa altura, seria fatal aos planos de levantar o título. Tanto que, até agora, o único reforço é o ala-esquerdo Athirson (ex-Portuguesa). E nem deve vir mais ninguém.

Mesmo sem a aprovação total dos cruzeirenses, Adílson Baptista comprova que sua equipe tem muita qualidade tática e técnica. Mais madura, a Raposa confia no poderio ofensivo de Kleber, no talento de Wagner e no dinamismo de Ramires para chegar ao seu 2º título. O segredo? Não repetir 2008 vacilando nos confrontos diretos.

Status: Favorito
Melhor participação: Campeão em 2003
Em 2008: 3º colocado (67 pontos)
Time-base (4-2-2-2): Fábio; Jonathan, Leo Fortunato, Leonardo Silva e Fernandinho (Gérson Magrão); Fabrício e Marquinhos Paraná (Henrique); Ramires e Wagner; Kleber e Thiago Ribeiro (Wellington Paulista). Técnico: Adílson Baptista.
Destaques: Volante de origem, Ramires é o responsável em dar o primeiro combate e ajudar na armação. É o motorzinho da equipe. Kleber chegou ao início do ano e com sua raça e disposição fez a torcida esquecer-se de Guilherme. Só precisa fazer menos faltas.
Olho nele! Prestes a completar 19 anos, Bernardo só foi utilizado no Estadual, graças a contusão de alguns titulares. Voluntarioso e inteligente, atua como volante ou meia.
Gringo da vez: O lateral-esquerdo Sorín, argentino.
Pontos Fortes: Ramires e Kleber podem modificar uma partida; no meio, todos os atletas têm qualidade no passe; Jonathan e Fernandinho são boas opções pelos flancos.
Pontos Fracos: Não encontrou um companheiro para Kleber; a qualidade da zaga é inferior ao resto do time; peca em jogos decisivos contra rivais do mesmo nível.

Atlético Mineiro
Depois da tempestade, vem a bonança?

A campanha do Atlético na temporada não era das piores. Bastou, porém, o time ser goleado duas vezes em menos de uma semana (5 a 0 diante do rival Cruzeiro e 3 a 0 para o Vitória) para a fragilidade da equipe ser evidenciada. A partir daí, tudo mudou...

Após os seguidos vexames, Émerson Leão colocou seu cargo à disposição. No seu lugar, assumiu Celso Roth, técnico que passa por um ótimo momento na carreira. E as mudanças não pararam por aí. Tripodi e Júnior Carioca foram dispensados. Em contrapartida, o rodado volante Jonilson e o experiente goleiro Carini devem chegar.

Aliado a essas modificações, a boa notícia fica por conta de alguns atletas, como Renan Oliveira, Serginho e Marques, que estavam lesionados e devem voltar em breve. Agora, a missão de Roth é passar o equilíbrio emocional que o elenco necessita para que o Galo torne-se mais competitivo. Pinta de favorito? Longe disso. Mero coadjuvante.

Status: Zona da Sul-Americana
Melhor participação: Campeão em 1971
Em 2008: 12º colocado (48 pontos)
Time-base (4-4-2): Juninho; Élder Granja, Marcos, Leandro Almeida e Júnior; Renan, Rafael Miranda (Carlos Alberto) e Fabiano (Márcio Araújo); Renan Oliveira (Lopes); Eder Luís e Diego Tardelli. Técnico: Celso Roth.
Destaques: Artilheiro do Campeonato Mineiro com 16 gols, o talentoso Diego Tardelli passa por uma fase excepcional. Com o retorno do jovem Renan Oliveira na armação da equipe, Tardelli terá uma quantidade de chances ainda maiores para marcar.
Olho nele! Kleber tem apenas 19 anos, mas já atuou no time principal cinco vezes. No melhor “estilo pivô”, sabe usar a boa estatura e cabeceia bem. Destacou-se na base.
Gringo da vez: Não tem
Pontos Fortes: Diego Tardelli tem de ser marcado de perto; possui um meio-campo aguerrido que marca bem; A experiência de Júnior colabora no setor ofensivo do time.
Pontos Fracos: Juninho não passa confiança ao time; sem Renan Oliveira, sente a ausência de um meia criativo; time desequilibrado técnica e psicologicamente.

Goiás
Começar com o pé direito

A conquista de um título estadual com uma campanha quase irretocável, após dois vice-campeonatos consecutivos, deu novo ânimo para o Goiás. Nem mesmo a recente eliminação na Copa do Brasil abalou os planos esmeraldinos para o torneio.

Em 2009, os goianos devem abrir o olho para uma espécie de tabu que atormenta a equipe. Nos últimos anos o Verdão acostumou-se a ter um início muito ruim, tendo que realizar grande recuperação no segundo turno. Para evitar que isso ocorra, trouxe duas contratações: o beque João Paulo (ex-Paraná) e o avante Bruno Meneghel (ex-Resende).

Conhecido por ser um anfitrião “encardido”, o Periquito, com a menor média de gols tomados da temporada, tem na defesa o seu ponto alto. Na frente, as armas do técnico Hélio dos Anjos estão depositadas nos pés do artilheiro Felipe e nos cruzamentos de Vitor e Júlio César. Ainda sente, porém, a lacuna deixada por Paulo Baier na armação.

Status: Zona da Sul-Americana
Melhor participação: 3º colocado em 2005
Em 2008: 8º colocado (53 pontos)
Time-base (3-5-2): Harlei; Leandro Euzébio, Ernando e Rafael Tolói; Vitor, Ramalho, Everton Hora, Eduardo Ramos (Fábio Bahia) e Júlio César (Zé Carlos); Iarley e Felipe. Técnico: Hélio dos Anjos.
Destaques: O ala Vitor destaca-se tanto na marcação quanto na armação. Não à toa é pretendido por vários times do país. Felipe é o principal nome do ataque, mostrando muita mobilidade e oportunismo. Foi o artilheiro do Estadual com 16 gols marcados.
Olho nele! Apesar de ter apenas 18 anos, Rafael Tolói foi titular da Seleção Brasileira campeã do Sul-Americano Sub-20. Com boa estatura, sobe bem em bolas paradas.
Gringo da vez: Não tem.
Pontos Fortes: A defesa tem sofrido poucos gols; o entrosamento da dupla Felipe-Iarley traz perigo aos adversários; Vitor e Júlio César fazem boas jogadas pelos flancos.
Pontos Fracos: Desde a saída de Paulo Baier, não há um meia criativo; o elenco é mediano, não tem peças de reposição; o time tem poucas opções ofensivas.

Vitória
Cavalo paraguaio ou zebra nordestina?

Atual tricampeão baiano, o Vitória consolida cada vez mais o seu domínio no Estado. Além disso, permanece vivo na Copa do Brasil e não seria uma surpresa tão grande se os baianos repetissem a proeza do Sport em 2008, e levassem o caneco para o Nordeste.

Para não repetir a queda de rendimento que fez o Leão despencar na tábua de classificação, o treinador Paulo César Carpeggiani mescla atletas experientes com jovens promessas. Com base nessa política, do Fluminense chegaram o atacante Roger e o meia Leandro Domingues e do São Caetano veio o zagueiro Marco Aurélio.

Com Apodi realizando boas partidas, Bida carregando o piano no meio e Neto Baiano cansando de marcar gols, o Vitória tem uma equipe equilibrada, que não deve sofrer sustos. Sem grandes expectativas e “correndo por fora”, os baianos podem dar muito trabalho aos favoritos, principalmente em seus domínios. O Atlético-MG que o diga.

Status: Zona da Sul-Americana
Melhor participação: Vice-campeão em 1993
Em 2008: 10º colocado (52 pontos)
Time-base (4-3-2-1): Viáfara; Apodi, Victor Ramos (Marco Aurélio), Wallace e Luciano Almeida; Vanderson, Carlos Alberto e Bida; Jackson e Ramon Menezes (Nádson); Neto Baiano. Técnico: Paulo César Carpeggiani.
Destaques: Neto Baiano foi o grande destaque do Campeonato Baiano. Autor de 18 gols, o artilheiro tem muita presença na área. Apodi reencontrou seu melhor futebol com a camisa do clube e tem um grande papel nos contra-ataques.
Olho nele! Com apenas 20 anos, Victor Ramos saiu da base para assumir um lugar na zaga do Leão. Bom cabeceador, fez o gol que abriu a goleada frente ao Atlético-MG.
Gringos da vez: Os colombianos Viáfara (goleiro) e Javier Reina (meia), além do chileno Saavedra (zagueiro).
Pontos Fortes: Neto Baiano vive fase incrível e está marcando muitos gols; Apodi, Bida e Jackson são boas opções no ataque; time rápido com toque de bola envolvente.
Pontos Fracos: A jovem zaga pode vacilar em momentos importantes; os alas atacam bastante e deixam muito espaço; Viáfara é espalhafatoso, não inspira confiança.

Barueri
Um novo São Caetano

Embalado pelo ótimo momento vivido em 2008, o Barueri tinha a pretensão de alcançar as semifinais do Campeonato Paulista. Irregular, o time ficou bem longe de sua meta, na 8ª colocação. Agora, resta saber, se consegue, ao menos, permanecer na elite nacional.

Para não fazer feio em sua estréia, a Abelha, ainda no Estadual, abandonou a idéia de ter 3 treinadores simultâneos e trouxe o experiente Estevam Soares. No elenco, também há novidades: os zagueiros Xandão (ex-Fluminense) e André Luiz (ex-Botafogo) e o lateral Eder (ex-São Paulo e Noroeste) já chegaram. Outros reforços não estão descartados.

Quem sabe assim, a equipe da Grande São Paulo consiga dar mais fluência ao seu jogo, dependendo menos do atacante Pedrão, artilheiro do Paulista com 16 gols. Somente assim, a mescla entre bons valores desconhecidos (como Ralf e Thiago Humberto) e nomes experientes (como Basílio) pode fazer com que o time não volte para a Série B.

Status: Zona do Rebaixamento
Melhor participação: Estreante
Em 2008: 4º colocado na Série B (63 pontos)
Time-base (4-3-1-2): Renê; Marcos Pimentel, André Luiz, Leandro Castán (Daniel Marques) e Márcio Careca; Ralf, Ewerton e Xuxa (Flavinho); Thiago Humberto; Fernandinho (Basílio) e Pedrão. Técnico: Estevam Soares.
Destaques: Na maioria das vezes em que foi exigido Renê mostrou muita frieza e soube defender como poucos a meta do clube do interior do Estado. O atacante Pedrão não é tão constante, mas seu bom posicionamento faz com que anote muitos tentos.
Olho nele! Jovem meia argentino contratado pelo Corinthians junto ao Rosário Central, Emiliano Vecchio foi emprestado ao Barueri até o fim da temporada. Pode estourar.
Gringo da vez: O meia argentino Emiliano Vecchio.
Pontos Fortes: Renê representa segurança no gol; Pedrão é goleador e precisa ser marcado de perto; Fernandinho e Thiago são velozes chutam bem à meia distância.
Pontos Fracos: Não há alguém decisivo; Pimentel e Careca apresentam problemas de posicionamento e marcação; não mete medo quando joga em seus domínios.